Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Roberto, Erasmo e Rita Falam de Elvis

Quando Elvis Preley morreu, em agosto de 1977 causou grande comoção mundial. Todos os órgãos de imprensa passaram a dedicar amplo espaço para a cobertura do fato, e muitas análises foram a feitas sobre a vida e a importância de sua carreira, sua decadência física em virtude de uma vida desregrada, além de inúmeros boatos, como é comum quando um grande ícone morre. Essa cobertura levou muiito tempo, pois cada vez mais novas revistas especiais eram lançadas, sempre buscando e trazendo depoimentos de outros artistas sobre o grande ídolo. Dentre os vários depoimentos que saíram à época, destaco três, vindos de fãs confessos de Elvis: Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Rita Lee:
“Ele morreu, mas sua arte é eterna. Tanto isso é verdade que meu filho, o Segundinho, hoje é um fã do Elvis Presley. Eu o imitava. Não perdi um só dos seus filmes. Elvis foi um ídolo de várias gerações, é um exemplo para todos e foi sempre fiel ao seu gênero.” (Roberto Carlos)



“Eu morava no bairro da Tijuca, onde nasci, no Rio de Janeiro, e a nossa turma – eu, o Jorge Ben (um dos poucos que sabiam os acordes básicos do rock, o lá-ré e mi bem marcado), o Tim Maia, o Simonal, o Roberto (Carlos) e outros que não me lembro agora, a gente ouvia Elvis adoidado. Ele representava todo um jeito de ser, continuador de James Dean, tão precocemente morto. A gente era louco para fazer versões de músicas de Elvis, sem saber inglês nem nada. A função de Elvis Presley na libertação da juventude contemporânea é fundamental, como atitude, como pose, marca mesmo, sabe como é? Quando acabou a Jovem Guarda eu passei por um longo processo de revisão, meio na fossa, entre a MPB e o rock que sempre foi meu. Saí viajando por esse litoral brasileiro afora, vendo tudo, e acabei aumentando mais ainda minha paixão pelo rock e por Elvis. O rock para mim é uma coisa que veio do astral mesmo, como mensagem, toque, entende? Assisti o show ‘Elvis’ em Lãs Vegas, coisa de louco. Tudo na cidade girava em torno dele, tinha sua cara estampada até em copinho de lanchonete, garfos, em tudo. Las Vegas respirava Elvis. Sou até suspeito, pois sou apaixonado demais...” (Erasmo Carlos)


“Fiquei triste, mas é isso, a vida continua.
O Elvis apareceu numa época em que eu estava na escola, de um jeito escandaloso, balançando os quadris. Aquilo me entrou pela cabeça e pelo corpo. Além de tudo ele é capricorniano, como eu. Ele me deu um toque, um sentido de subir no palco e começar a tocar sem nunca ter estudado. Foi um estrondo, uma loucura. Não gravo o Elvis porque só gravo música brasileira, mas sempre canto suas músicas nos shows, especialmente ‘Jailhouse Rock’ que ele fez na cadeia  (*) e que eu comecei a cantar quando saí da cadeia. Ele nunca curtiu aquele ‘down’ horroroso, sempre se apresentou colorido e nunca teve vergonha de rebolar. No Brasil, só agora é que as pessoas estão assimilando isso, veja o Ney Matogrosso, por exemplo. O escândalo do Elvis é que motivou. Aquilo, de repente, vira o Rei. E porque não foi um cara fabricado, era natural, pelo menos no início, nunca perdeu aquela coisa rebelde, apesar da máquina; atualmente estava sendo levado como coisa nostálgica do rock.
Cada vez que ele remexia os quadris, eu pulava na cadeira. Nunca o vi pessoalmente, pior pra mim. O bom de artista é que ele não morre.
Elvis rebolou e escandalizou. Influenciou Beatles, Stones, influenciou Deus e todo mundo.” (Rita Lee)

(*) Na verdade, Rita "viajou" nessa afirmação. Elvis nunca foi preso, nem no período em que serviu o exército, já que foi considerado um recruta exemplar, como bem o orientou seu empresário, o "coronel" Tom Parker.Além disso Jailhouse Rock não foi composta por Elvis, e sim pela dupla Jerry Leiber & Mike Stoller, autores da trilha do filme homônimo, que no Brasil ganhou o título de Prisioneiro do Rock. A prisão de Rita a que ela se refere aconteceu em 1976, por porte ilegal de  maconha.


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