Palavras Domesticadas

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domingo, 27 de junho de 2010

Festival de Águas Claras, anos 70




Em 1975, a revista Pop trazia uma matéria sobre o Festival de Águas Claras, considerado o mais próximo de algo que se pode chamar de Woodstock brasileiro. A matéria traz fotos, algumas reproduzidas aqui, fala sobre a estrutura montada, mas não fala nada sobre o principal: o som que rolou, que bandas tocaram, etc. A única citação feita é na legenda da foto em que aparece Liminha, ex-baixista dos Mutantes, que no festival tocou com o Som Nosso de Cada Dia. A matéria ficou devendo. Mesmo assim dá pra se ter uma ideia do que foi o festival. Abaixo transcrição de um trecho da matéria:

Quando mais de 10.000 rockeiros se reúnem nos campos de uma fazenda, em uma pequena cidade do interior, tudo pode acontecer. Por isso, o Festival de Águas Claras, em Iacanga (SP), foi uma espécie do Woodstock tupiniquim: durante três dias e três noites, a moçada se entregou de corpo e alma ao rock, ao sol, à curtição e, como em Woodstock, ao amor e à paz.
Num festival de rock, é claro que a música tem papel muito importante. Mas o fato de reunir mais de 10.000 rockeiros, como uma colorida tribo de de adoradores de som, transforma qualquer festival num acontecimento fora do comum. Assim foi em Iacanga(SP) durante os três dias e três noites do Festival de Águas Claras, na Fazenda Santa Virgínia. Tudo começou quase um mês antes, quando os primeiros mochileiros começaram a batalhar suas caronas em várias estradas do Brasil. E alguns conseguiram chegar à fazenda uma semana antes do festival!
Na manhã da sexta-feira, quando o festival começou oficialmente, já havia uma verdadeira cidade de barracas coloridas instaladas nos pastos. E para servi-la, uma eficiente infra-estrutura de sanitários, barracas com alimentos e refrigerantes, ambulatório e até um chuveiro improvisado no córrego das Águas Claras.
À tardinha, antes de começar o som, meia dúzia de cabeludos circulava entre as barracas , espalhando boas vibrações com o som de suas flautas. A esta altura já funcionava um eficiente comércio de trocas entre as barracas: comidas por cigarros, camisetas por águas e assim por diante. Quem tinha dinheiro se abastecia nas barraquinhas. Quem não tinha descolava tudo na base da amizade.
O festival acabou quando o sol da segunda-feira já estava nascendo. De volta à estrada os rockeiros caminhavam satisfeitos. Não só pela música, mas também pela curtição. Como disse José Luís Chaves, um cara de Porto Alegre: “Eu viria mais mil vezes aqui. só para curtir este céu cheio de estrelas”.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Uma vitrolinha na mão e uma bela paisagem


Outro dia, olhando antigas revistas, encontrei esse anúncio que ilustra essa postagem. Trata-se de um novo modelo de vitrola portátil que a Philips estava lançando. O anúncio, de 1977, dizia:

Novo eletrofone portátil Philips. O som livre como um pássaro.
O novo GF 523 Philips permite os vôos mais altos que você gosta de dar. Graças à dupla alimentação (pilha e luz), você pode levá-lo pro lugar que bem entender sem o menor problema.

Achei interessante a ilustração do anúncio, que traz o desenho de um casal caminhando por uma bela paisagem, parecendo um bosque com muito verde e árvores - um visual bucólico e até romântico para um passeio a dois. O rapaz leva na mão o aparelho, que à primeira vista se parece com uma maleta. Na parte de baixo do anúncio é mostrada uma foto da vitrola. Fico imaginando essa cena nos dias de hoje, e confesso que gostaria de poder vivenciá-la. Seria algo diferente, interessante e nostálgico.
Lembro que em minha casa havia uma vitrolinha parecida, só que um modelo mais antigo. Pertencia à minha irmã, mas eu usava bastante. Meus primeiros discos, compactos e lps, eu ouvia na velha vitrola portátil, que como a do anúncio, tinha o formato de uma maleta ao ser fechada, para facilitar o transporte, e também funcionava a pilha e eletricidade. De vez em quando pegava e levava pra ouvir discos na casa de alguém, ou sentado na calçada com amigos. Me recordo de ter ouvido pela primeira vez o disco Relayer, do Yes, na velha vitrolinha, sentado na calçada da casa de um amigo, com mais um grupo de garotos, que assim como eu, estavam descobrindo o rock.
Talvez por ter tido a companhia de uma antiga vitrola portátil para ouvir meus primeiros discos de vinil, me enchi de um sentimento um tanto nostálgico ao ver a ilustração do anúncio.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Inês, a Empedernida


Inês, a Empedernida procura palavras para expressar seus pensamentos como um caçador de borboletas a buscar com os olhos atentos, espécies raras em voos que colorem o espaço. Busca dentro de si todas as espécies de expressões que exteriorizem suas ideias um tanto travadas pela auto-censura de pré-pensamentos. Procura encontrar algo em si, que seja mais do que seus próprios conceitos já desgastados, e por isso petrificados por si mesmos. Ignora novas formas de se fazer entender, pois não compreende a si mesma, e assim busca atalhos interiores, caminhos alternativos que desembocarão em algum ponto além de verdades já não tão seguras, e fragilizadas por anos e anos de divergências com o mundo externo que ela ainda teima em não encarar de frente, e sem a coragem de quem desbrava e rompe caminhos íngremes.
Inês, a Empedernida cheira a bons sabonetes e shampoos, faz das calçadas e avenidas passarelas onde desfila, e procura fazer de seu caminhar algo além de meros passos equilibrados sobre suas sandálias de salto. Procura se abastecer de coisas que ela desconhece, mas sabe que se encontra em atalhos que se apresentam para quem tem a determinação de seguir o instinto de seus passos, de abrir picadas na densa mata que se agiganta aos olhos de quem não crê que se pode ser algo além do que nos foi aparentemente destinado.

sábado, 19 de junho de 2010

Na Bronca com Tim Maia



A revista Pop de janeiro de 1975 trazia uma matéria com Tim Maia, que na época estava totalmente envolvido com a Cultura Racional. A matéria, intitulada "Tim Maia Agora É Guru", trazia uma foto de Tim e sua banda exibindo o livro Universo em Desencanto - a bíblia da Cultura Racional.
Essa matéria acabou provocando em mim uma grande indignação, pois a revista trazia em destaque uma declaração polêmica: "John Lennon e Raul Seixas são dois tremendos vigaristas".
Na época Lennon e Raul eram dois ícones para mim, e essa declaração gerou em mim uma aversão à figura de Tim Maia, que durou um bom tempo. Só vim curtir Tim novamente, alguns anos depois, quando ele gravou Sossego.
Abaixo alguns trechos da matéria:

Tim Maia está sentado num banquinho, todo vestido de branco; a gordura dos seus 150 quilos não deixa a calça fechar. Sua camiseta tem o desenho de um portal iluminado por um feixe de raios que vêm do alto, e a frase: Cultura Racional. Ao seu redor, espalhados pelo chão, também vestidos de branco e com camisetas iguais, estão os membros de seu novo grupo - a Seroma Racional Band: Paulinho, Serginho, Betinho Cajueiro e Roberto (...)
De cara Tim vai dizendo que não quer nada com espiritismo: "Espiritismo é um enigma que todos sonham que possuem, mas nunca provaram nem poderão provar. Estou procurando me elevar é pela Cultura Racional". Mas por favor, não misture isso com outros movimentos que andam por aí, que o guru Tim vai ficar furioso. Como ficou quando perguntamos se Racional Superior tem alguma coisa a ver com a Sociedade Alternativa do Raul Seixas: "Você está maluco? John Lennon é uma besta, e Raul Seixas é uma cópia xerox da burrice. Eles são dois quadrúpedes que só querem justificativa para curtir loucuras. É vigarice das brabas! E se alguém voltar a falar nisso, a gente acaba o papo aqui."

Depois dessa, fiquei um bom tempo na bronca com Tim Maia, até eu entender que isso tudo era bem típico dele, e hoje tenho quase tudo do Síndico.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Caminhos de Minas


Quem me conhece bem já deve ter percebido que sou bom de guardar datas. E quando falo em guardar datas de certos acontecimentos não significa necessariamente que seja algo relevante. Pode ser uma coisa banal, sem muita importância, mas que por algum motivo ficou registrada em minha memória, tipo " há 13 anos atrás nessa data eu fui à praia" e coisas parecidas. Logicamente fatos marcantes e importantes também são lembrados em detalhes, inclusive as datas exatas. Por isso hoje me vem à memória que há exatos vinte anos eu me apresentava para trabalhar em Ubá/MG.
Já comentei nesse espaço que fui ferroviário, e fazia parte de minha função muitas vezes ser transferido para trabalhar em diferentes localidades. Quando entrei na empresa já sabia disso. Esses deslocamentos eram feitos para localidades próximas, às vezes dentro da própria cidade, em localidades do interior. Porém naquele ano de 1990 ocorreu um fato fora dos padrões. Alguns profissionais da área em que trabalhava, já próximos de se aposentar, entraram com uma ação na justiça e ganharam uma causa que estabelecia que seriam promovidos. Eram todos mineiros, em um total de quatro, divididos por três localidades. Dois de Cataguazes, um em Ubá e outro para a zona rural, uma localidade chamada Sobral Pinto.
Como mencionei acima, o local designado a mim foi a cidade de Ubá, conhecida por ser a terra natal de Ary Barroso. Parti junto com os três colegas que também foram transferidos no dia anterior às dez da noite, no ônibus para BH, e descemos em Cataguazes, onde tomei o ônibus até meu destino. Meu estado de ânimo não era dos melhores. Estava longe de casa, da família, de minha cidade, dos amigos, sem saber o que encontraria pela frente. Desembarquei em Ubá na manhã de 18 de junho, super cansado e com muito sono. O colega que me recebeu, um senhor bem simpático e gente boa, percebendo o meu cansaço falou pra eu ir dormir e descansar. Ao levantar, por volta de meio-dia, fui almoçar na cozinha da própria empresa, onde um cozinheiro usava um velho fogão a lenha.
Assim como esse ano, estava em meio à Copa do Mundo, e lá assisti ao restante dos jogos do Brasil, até sermos eliminados pela Argentina. Aos poucos fui me adaptando à nova vida, novos costumes, novos amigos. Na foto que ilustra essa postagem eu estou ao lado de dois colegas, na estação. Fiquei lá por sete meses, e ficaram muitas boas lembranças, muitas histórias que sempre ficarão em minha mamória.
Não poderia deixar de lembrar dessa data. O que me fez lembrar que a data era 18 de junho, é porque é o dia do aniversário de Paul McCartney.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Beatles em animação


Minha ligação com os Beatles vem da infância, por volta dos 7 anos. Não que eu já gostasse tanto assim de música, mas por causa de um desenho animado que passava aos domingos no fim da tarde, na antiga TV Tupi, cujos personagens eram os fab four. Cada episódio trazia uma aventura vivida pela banda, e logicamente, era recheado de músicas dos Beatles nas versões originais. Eu adorava os desenhos, e aprendi ali a também amar todas aquelas músicas, que me eram bastante agradáveis.
Apesar de na época as músicas dos Beatles tocarem bastante nas rádios, muitos daqueles sucessos eu conheci através do desenho dominical. Também foi através daqueles desenhos que aprendi que eles se chamavam John, Paul, Ringo e George. Aprendi a gostar dos Beatles ali, e aqueles desenhos eu assitia com um enorme prazer, pois além das aventuras, me apresentavam músicas que eu me identificava e já sabia, apesar de ser uma criança de 7 anos,que aquilo era algo revoluvionário que estava acontecendo no mundo. Por volta dos 7 ou 8 anos eu assisti a uma sessão no cinema de Help, segundo filme da banda, levado por minha irmã mais velha. Talvez ela tenha me levado só para fazê-la companhia, sem saber ela me apresentava a algo fantástico para uma criança. Eram aqueles mesmos personagens dos desenhos, agora em carne e osso, vivendo aventuras semelhantes aos desenhos, e cantando as mesmas músicas, que eu ouvia e me encantava, e ouvia sempre, apesar de em minha casa não ter nenhum disco deles. Eram músicas que eu já conhecia bem, e só não posso dizer que sabia de cor porque eram eram inglês, mas já sabia cada acorde, onde as vozes entravam, como terminavam. Lembro de uma vez ter ficado contando nos dedos quantas vezes eles repetiam em Hey Jude, aquele final: "Na na na na na na na... Hey Jude".
Depois, na adolescência continuei fã, fui conhecendo outras músicas, os discos, lendo a respeito. Eu sei que seria fã de qualquer jeito, mas pra mim tudo começou com aqueles desenhos animados nos fins das tardes de domingo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Djavan e Aldir Blanc - Uma parceria breve, mas genial


Djavan é um compositor de poucos parceiros. Ao longo de sua carreira fez poucas parcerias, mas com nomes de peso, como Chico Buarque, Caetano e o letrista Cacaso, por exemplo. Dentre essas raras parcerias, umas das mais felizes foi com o letrista Aldir Blanc, com quem compôs três músicas: Tem Boi na Linha e Aquele Um, do disco Alumbramento, de 1980 e Êxtase, de Seduzir, do ano seguinte.
Não sei como aconteceu essa parceria, mas acredito que os dois devem ter tido um breve encontro naquele período, e acabaram produzindo três pérolas musicais. Aldir fez três letras carregadas de um fino humor, exemplos do Aldir cronista, que cria histórias e personagens.
Em Tem Boi na Linha Aldir traz como tema uma viagem de trem pelos subúrbios do Rio, e todos os apertos e o desconforto que os passageiros desse tipo de transporte são obrigados a enfrentar em seu dia-a-dia. Vários desses bairros-estações são citados ao longo da letra:
Café com pão no Vera Cruz/Jejum limão em Japeri/A bolsa e a vida dançam nesse trem/Te cuida/Sacola, cabaça, futuro, tutu, cabaço/Tem boi na linha, seu Honório Gurgel(...)Cascudo, pedrada, cuspida, pisada/Vai pra Anchieta, seu Vigário Geral/ Engavetou, descarrilou/ Descarrilhei, quebrei também (...)
Aquele Um fala de uma entidade espiritual diferente que baixa numa mesa de bar. A expressão "aquele um" é usada pelos adeptos das religiões afro para designar um santo que baixa. A letra é muito bem construída, e a melodia composta por Djavan casa perfeitamente com a letra. É uma de minhas músicas preferidas de Djavan:
Baixou/Num centro de mesa de um bar/Um santo estranho/Cheirou, fumou, não cuspiu/Sei lá/E tocou piano/Falou que era "aquele um" das quebradas/O santo de cama das mal-amadas/Alguém do centro perguntou o seu ponto/Aí o santo lhe respondeu/Meu ponto é qualquer um/Com bicheiro e táxi.
A terceira e última parceria Djavan/Aldir é Êxtase, outra pérola. Aldir fala de uma forma bem-humorada de um desentendimento amoroso, usando como metáfora citações bíblicas e santos da igreja, sem cair, entretanto em desrespeito ou algo assim:
Eu devia ter sentido o teu rancor/Mas tava doido num jogo do Vasco/Eu fiquei cego na estrada de Damasco/E armei num botequim, virei a mesa/Tava em êxtase que nem Santa Teresa (...)
Curiosamente, Djavan, como bom flamenguista, em um especial para a tv uma vez mudou a letra para "tava doido num jogo do Mengo/Eu fiquei cego na estrada em Realengo". Porém essa adaptação retirou uma citação de uma passagem da Bíblia, intenção de Aldir, em que Lázaro fica momentaneamente cego enquanto caminhava pela estrada em direção a Damasco.
Outro trecho da letra:
Eu devia ter partido a tua cara/Mas eu era um São Sebastião flechado/Mais um seu Zé Mané ungido e mal pago/Escada pro céu na rua da passagem/Aura marginal do morto na garagem/Barrabás, querubim, pinel/Eu, xará, um bárbaro arataca saqueando Roma/Eu, xará, um bêbado babaca em estado de coma/Eu, xará, o cordeiro de Deus, o bode expiatório/A testemunha ocular que não tem nada a ver/O condenado que não tem nada a perder/O mordomo na chanchada de suspense/O presunto na Baixada Fluminense.
Com base nessas três músicas, posso afirmar que se Djavan fosse um parceiro mais constante de Adir, como são, por exemplo, João Bosco, Guinga ou Moacyr Luz, essa parceria seria uma das mais férteis e promisoras da MPB.
Essas e muitas outras de Djavan serão tocadas na Noite do Vinil amanhã, sexta dia 04 a partir das 21h, no Relicário Bistrô - Av. 28 de Março, 48 - em frente ao Isepan.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Chico, Mutantes e a Censura


Há algumas postagens atrás falei do livro Entrevistas Bondinho, extraídas no início dos anos 70. Como se trata de um livro de entrevistas, que não exige uma leitura contínua, venho lendo aos poucos, quando me sobra algum tempo, normalmente no horário entre o final do almoço e a hora de sair pro trabalho. Já li algumas entrevistas, como as de Chico Buarque, e Mutantes, dentre outras. A de Chico revela um compositor em seu auge criativo. Tinha acabado de lançar Construção, hoje considerado um dos melhores discos já lançados no Brasil. Chico tinha na época 26 anos, e se mostrava um tanto frustrado e revoltado pela perseguição que os órgãos de censura do governo militar exerciam sobre sua obra. O compacto com Apesar de Você, por exemplo, acabava de ser proibido e recolhido das lojas. Abaixo em um trecho da entrevista lhe é perguntado sobre "músicas oficiais", ou seja, músicas feitas para exaltar os feitos da ditadura, como por exemplo, Pra Frente, Brasil, da dupla Don e Ravel.
- Você acha que é possível saírem músicas oficiais maravilhosas só porque são tecnicamente bem feitas?
- Não sei. Eu acho que há vários compositores, eu não sou tecnicamente bom compositor, acho que sou bom compositor porque sei fazer minhas músicas... Mas há compositores tecnicamente bons que poderiam fazer música em qualquer sentido. Poderiam ser ótimos jingleístas, formidáveis. Esses que estão aí são muito ruins. Don e Ravel são horríveis, e são primários, entende? São compositores de colégio, parece aquelas músicas de formatura.Um porra desses Don e Ravel são péssimos músicos, péssimos caráter, péssimos em tudo.

Em outra entrevista, os Mutantes falam do disco Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets, e do problema que tiveram para liberar uma das músicas.
- Vocês tiveram algum problema com esse último disco?
- Arnaldo: Tem uma música que se chama O Cabeludo Patriota que os caras acharam que é uma gozação com alguma coisa e tal, e nós tivemos que mudar para A Hora e a Vez do Cabelo Nascer. E nós tivemos que mudar um pouco a letra também. Era assim: "Meu cabelo é verde e dourado violeta e transparente/Minha cara é purpurina/Minha barba é azul anil".

É o retrato de uma época, quando a censura e a repressão marcavam sob pressão.