Um excelente documentário de rock, rodado nos anos 70, é Mad Dog The Englishmen, que registra uma turnê de Joe Cocker, que aconteceu de março a maio de 1970, e que percorreu 39 cidades americanas. Naquele período, Cocker vinha de uma maratona de shows com seu grupo, a Grease Band. Após dois anos de viagens pelos EUA, incluindo sua apresentação triunfal no Festival de Woodstock em 69, ele resolve desfazer seu grupo e dar uma parada para descansar. Porém, ao chegar em Los Angeles em março de 70, Cocker foi avisado por seu agente, que ainda havia sete semanas de shows a cumprir, sob pena de perder sua licença de trabalho, e ficar sem poder atuar na América por um bom tempo. Sem banda de apoio, e com obrigações contratuais a cumprir, Cocker resolve então formar às pressas uma nova banda, mas dessa vez resolveu formar um supergrupo. Ligou para Leon Russel, pianista, cantor e compositor, não só para convidá-lo a juntar-se a seu novo grupo, como também para pedir uma ajuda para convocar outros músicos. A banda, que se chamaria Mad Dogs &; The Englishmen, teria em sua formação, além de Russel, Cris Staiton (órgão), Jim Keltner (bateria), Bobby Keys (sax), Don Preston (guitarra), Jim Gordon (bateria), Carl Radle (baixo), Rita Colidge (vocais) e Claudia Linnear (vocais). Além desse time, ainda se somaram à banda um naipe de metais que fazia parte da banda Delaney, Bonnie & Friends, que tinha recentemente se desfeito.
Vendo a grandiosidade do projeto, sua gravadora A & M Records ofereceu todas as condições para o grupo ensaiar, e sem perder tempo lançou um compacto com as músicas "The Letter" e "Space Captain", para divulgar o novo projeto de Cocker. O compacto sem demora ficaria entre os dez mais vendidos no período.
Logo surgiu a ideia de se filmar a turnê e lançar um documentário para registrar e excursão da banda pelas cidades americanas. Os nomes escolhidos para dirigir o documentário foram Pierre Abel e Robert Adidge, que já haviam trabalhado com a banda Creedence Clearwater Revival em especiais de TV. O filme, que no Brasil ganhou o nome de Joe Cocker e Sua Turma da Pesada, mostrava cenas de bastidores, ensaios e shows por diferentes cidades americanas por onde a banda passava.
Entre músicos e agregados, a Mad Dogs & The Englishmen |
Numa época em que os ideais hippies e a vida em comunidade estavam em evidência, a trupe dos Mad Dogs crescia a cada dia, chegando à marca de 43 pessoas, incluindo 11 cantores, dez músicos, cinco técnicos da equipe de filmagem, três engenheiros de som, duas produtoras, três ajudantes de palco, além de esposas, crianças e empresários. Em termos financeiros, logicamente, a excursão foi um desastre, quase levando Cocker à ruína, principalmente por na época ele estar vivendo uma fase em que estava mais preocupado em se divertir e aproveitar a fama que havia conquistado. As cenas de bastidores do documentário deixam claro que a galera queria mesmo era farra e diversão, mas ao subirem no palco, o show era um espetáculo de primeira, com uma banda bem entrosada, e Joe com sua voz potente, apesar da bebida e das drogas que consumia.
Um excelente disco duplo, ao vivo, seria gravado no Filmore East, de Nova York. Curiosamente, por pouco o álbum não foi lançado. Cocker, já estafado, e cheio de tudo, não estava a fim de se envolver com o lançamento de mais um disco. Porém, o disco foi lançado e fez um grande sucesso, chegando ao segundo lugar nas paradas. O filme, lançado em 1971, é considerado um dos melhores documentários de rock já lançados. A versão em DVD chegou a sair em bancas de revista há alguns anos. Quem ainda não assistiu, e é fã de Joe Cocker e de rock dos anos 60 e 70, vale a pena correr atrás.
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