Um dos maiores baixistas do estilo jazz-fusion foi sem dúvida o americano Jaco Pastorius. Dono de uma técnica fantástica e um fraseado que fez escola, ele é referência para muitos baixistas. Conheci seu trabalho mais profundamente através de sua participação na banda Weather Report, integrada também pelo saxofonista Wayne Shorter. Ao abrir um show para sua futura banda em Miami, Pastorius impressionou os músicos do Weather Report, e logo surgiu o convite para ele ser integrante do grupo. Paralelamente à banda, Pastorius fazia seu trabalho solo, tendo gravado seu primeiro álbum em 1976, contando com participações de peso, como o saxofonista David Sanborn, o tecladista Herbie Hancock e o baterista Narada Michael Walden. A boa repercussão de seu disco de estreia levou Pastorius a receber convites para tocar em discos de gente como Pat Metheny (Bright Sioze Life), Joni Mitchel (Hejira), Al Di Meola (Land Of The Midnight Sun) e Ian Hunter (All-American Alien Boy) .
Apesar de sua carreira andar muito bem, Pastorius tinha um distúrbio emocional que aos poucos foi se aflorando. Por volta de 1982, passou a utilizar cada vez mais bebidas e drogas, o que fez com que agravasse mais seu distúrbio, e isso acabou interferindo em seu trabalho.
As histórias em torno de escândalos provocados por seus excessos eram cada vez mais constantes. Em 1986, por exemplo, no Third Street Music School Settlement, um centro cultural em East Village, em Manhattan, Jaco foi convidado para um concerto. Ao invés de empunhar seu baixo, ele sentou-se ao piano e completamente bêbado, passou a cantarolar músicas e dançar cambaleante no palco. Quando alguém da plateia gritou para ele pegar no baixo, ele respondeu com o dedo médio em riste. Enquanto parte do público abandonava o recinto ele continuava a martelar o piano, até se dirigir ao baterista, pegar as baquetas e tocar violentamente os pratos, derrubar o kit de bateria e abandonar o palco xingando e chutando o que via pela frente.
Incidentes como esse eram cada vez mais constantes. Pastorius submeteu-se a vários tratamentos psiquiátricos, sendo internado em várias ocasiões, além de preso algumas vezes por bebedeiras, badernas e até roubo de carro. Seu comportamento logicamente influiu negativamente em sua carreira, e logo nenhum proprietário de casa de show ou executivo de gravadora aceitava contratá-lo. Na madrugada do dia 12 de setembro de 87 aconteceu o que já se esperava. Após ser barrado em várias casas noturnas, por estar embriagado, Jaco tentou entrar em mais uma, e ao ser barrado começou a chutar a porta do estabelecimento, tentando entrar à força. O gerente da casa, que praticava caratê passou a agredi-lo, até deixá-lo desacordado na calçada, muito ferido. Quando a polícia chegou ao local constatou que seu estado era grave, e imediatamente o conduziu a um hospital, onde até conseguiu uma ligeira melhora, mas uma semana depois, um vaso de seu cérebro se rompeu, deixando todo lado direito de seu corpo paralisado. Dois dias depois ele veio a falecer.
Um músico fantástico, um verdadeiro virtuose do baixo é o que se pode falar de Jaco Pastorius. Uma alma atormentada, que não conseguiu segurar a onda de viver nesse mundo como um ser normal, porém dotado de um gênio especial, e um dom que poucos tiveram em seu instrumento. Apesar de sua vida sem freios, sempre em rota de colisão, deixou algo de bom através de sua música e sua técnica, que virou referência para vários baixistas que vieram depois. Uma verdadeira escola. Sem dúvida, como instrumentista, Jaco Pastorius foi genial.
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