Airto Moreira - Percussão Tipo Exportação

Mais conhecido no exterior do que no Brasil, o percussionista Airto Moreira é um dos músicos brasileiros mais respeitados, reconhecidos e solicitados no circuito do jazz americano. Radicado nos EUA desde o início dos anos 70, Airto e sua mulher, a cantora de jazz Flora Purim, também premiadíssima, construiu uma carreira sólida como músico de estúdio e integrante de bandas de peso, além de ter seu trabalho solo. Em 1977, em uma de suas vindas ao Brasil, a revista Música em sua edição nº 14 fez uma matéria com Airto, que na ocasião estava lançando seu mais novo disco, Promises Of The Sun. Segue abaixo a matéria:

“Simultaneamente ao lançamento de seu disco ‘Promises Of The Sun’, no Brasil, o percussionista Airto Moreira esteve da passagem pelo Rio de Janeiro apenas para tratar de assuntos particulares, sem nada planificado para apresentações musicais, pois, segundo ele, ‘faltam propostas realmente sérias, profissionalmente falando.’

Airto, apontado por seis anos como o melhor músico no seu gênero pela 'Down Beat’, partiu para os EUA logo após a época dos festivais da Record, onde foi marcante sua atuação no acompanhamento de ‘Disparada’, de Vandré, tocando queixada de burro, quando era integrante do ‘Quarteto Novo’. Mas, em seguida, as dificuldades em continuar seu trabalho na televisão – ‘eles vetavam e não deixavam a gente aparecer’ - , apesar das apresentações ao vivo, em praças públicas, incentivavam a busca de novos mercados musicais.

Sua mulher, Flora Purim, também premiada diversas vezes pela mesma revista, já se encontrava nos EUA, trabalhando com Miriam Makeba, quando Airto foi pra lá. À princípio, a situação não foi das mais favoráveis, até que, oito anos mais tarde, Airto conseguiu atuar em dois discos e fazer uma turnê com o conjunto de Paul Winter.

Na metade da temporada, recebeu um telefonema de Miles Davis, convidando-o a tocar. Então, por meio de Davis, Airto conheceu Jimi Hendrix, Janis Joplin, Wayne Shorter, Chick Corea e Stan Getz. O sucesso, lá fora consolidou-se, confirmando sua longa experiência musical, iniciada logo aos seis anos, quando venceu um concurso infantil no Paraná, onde passou a infância. Aos 14 anos, entrou para o conjunto ‘Jazz-Estrela’, aos 18 mudou-se para São Paulo e, logo em seguida, formou o trio ‘Sambalanço’, com César Camargo Mariano ao piano e Kleber no baixo. Com a ida de César, integrou-se ao conjunto de Hermeto Pascoal, e surgiu o ‘Sombrasa’, que durou apenas um ano. No entanto, Airto já havia participado, em 1965, do ‘Sambrasa’, dedicado à Bossa Nova.

Atualmente, Airto nega-se a fazer apresentações brasileiras para menos de 6 mil pessoas, a média de espectadores de seus concertos ao lado da mulher nos EUA, a fim de evitar justamente a rotulação de ‘elitista’, já que seu trabalho com Flora no exterior tem visado as grandes platéias.”