A longevidade de certos artistas às vezes surpreende e desmente previsões. B.B. King é um exemplo. As turnês internacionais são desgastantes, principalmente para aqueles que já têm um longo tempo de estrada, pois o cansaço é maior e bem mais pesado quando a idade vai chegando. Mas para o público, o fator idade não importa, pois ele sempre irá cobrar as músicas preferidas e performances sempre impecáveis, independente de idade. Por isso mesmo, em 2007, um dos guitarristas mais aclamados do blues anunciou sua turnê de despedida, pois aos 81 anos era chegada a hora de apenas tocar em shows esporádicos e sem o desgaste das turnês por diferentes países e continentes. Por isso aquela turnê tinha aquele caráter de despedida, pois já era o momento do merecido descanso de um dos guitarristas mais representativos do blues, o lendário B.B. King.
Mais do que um mero fator de promoção, o anúncio daquela turnê como a última oportunidade de se ver ao vivo no Brasil a grande lenda do blues, um dos últimos sobreviventes de uma geração de bluesmen que marcaram a história não só do blues como do próprio rock'n roll, que sempre bebeu naquela fonte, aquela derradeira oportunidade parecia mesmo ser única. Porém , para alegria de seus inúmeros fãs, que tiveram ou não a oportunidade de vê-lo ao vivo, o tempo provaria que aquela turnê de 2007 não seria a última oportunidade de se ouvir aqueles acordes e solos tão característicos de um dos guitarristas que melhor representam a alma do blues. O velhinho continua em atividade, e em setembro e outubro desse ano, B.B. King retornou a nosso país para se apresentar em outros shows. Em fevereiro de 2007, a revista "Blues n'Jazz" trazia uma matéria sobre aquela turnê de despedida, que na verdade foi apenas mais uma do mestre do blues. Com o título de "A Última Turnê de B.B. King", a matéria, assinada por Helton Ribeiro, dizia:
"Era uma noite histórica. Apenas trezentas pessoas conseguiram ingressos para ver no Bourbon Street, em São Paulo, um dos últimos shows do rei do blues no país - depois de mais de cinco datas em três cidades, ele diria adeus ao Brasil.
B.B. King no Bourbon Street - 2007 |
Consciente disso,a plateia do Bourbon saboreava cada uma de suas brincadeiras e cada nota de sua guitarra Lucille. Dela saíam aqueles vibratos que ninguém consegue imitar, em Darling, I Love You e When Love Comes To Town, por exemplo. Um pedal overdrive tornou o timbre mais agressivo.
O repertório foi mais alto astral que o da turnê anterior, de 2004, com várias músicas em ritmo pulsante, como Rock Me Baby, Bad Case of Love e até When The Saints Go Marching In. As lentas foram concentradas num set intimista, sem o naipe de metais e com os outros músicos sentados à sua volta. Ele não dispensou The Thrill Is Gone, e deu novo significado aos versos de Key To The Highway: "Quando eu deixar esta cidade, não voltarei mais. Então, adeus".)
Ao fim de quase duas horas de show, ele chamou ao palco o virtuoso guitarrista de jazz Stanley Jordan, que tinha assistido ao espetáculo na primeira fila. Não ocorreu uma jam session, como muitos esperavam, mas Jordan foi abençoado pelo rei: ' Fico com o de cabelo em pé quando o vejo tocar'. Nós também ficamos quando vemos (ou melhor, víamos) B. B. King."
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