Palavras Domesticadas

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domingo, 9 de janeiro de 2011

As Primeiras Apresentações de Joe Cocker no Brasil - 1977


Em agosto de 1977, o cantor inglês Joe Cocker se apresentava pela primeira vez no Brasil. Cocker, naquele período não vinha atravessando um momento dos melhores em sua carreira, muito em virtude de seu envolvimento com a bebida e as drogas, e por seu caráter perdulário - tinha perdido muita grana com uma excursão altamente dispendiosa, registrada no documentário The Mad Dogs & The Englishmen. Talvez por isso naquele momento seu cachê não era dos mais caros para um astro de sua grandeza. Porém, segundo o relato de publicações da época, suas apresentações ficaram marcadas pelo despreparo e desorganização por parte dos promotores. A revista Música nº 16, fez um relato do evento. Logo de cara, ao anuciar o cantor, o apresentador cometeu um erro de pronúncia. “It's Cocker, not Cuker”, corrigiu Joe assim que subiu ao palco. A matéria dizia: “Nos camarins, nos hotéis, nos ônibus e nos aviões a desorganização não perdia para aquela dos shows. Para Joe e Michael Lang (promotor de Woodstock, e que fazia parte de sua equipe), no entanto a situação não era nada engraçada. Mike, que conseguiu organizar 30 dos maiores conjuntos e 600 mil pessoas em um só concerto, ficou francamente espantado com a capacidade da Vasglo (empresa que trouxe o show) de não conseguir organizar um mero concerto de um grupo para 3 mil pessoas. Lang teve de passar três noites em claro no Brasil, no telefone, arranjando tudo o que os organizadores responsáveis pelo show aqui se esqueceram de arranjar. Em Santos, inclusive, Mike teve de chegar ao cúmulo de pedir ao técnico de som para que cedesse seu lugar na mesa para ele. E apesar de Mike não entender nada de botões, este foi o melhor concerto brasileiro de Joe.

Dos vários comentários de Joe, estes são alguns dos mais ilustrativos sobre os problemas por ele enfrentados em sua turnê brasileira: "Anota aí alguns palavrões em português no meu caderninho, porque eu estou vendo que vou ter bastante chance de usá-los...” "Este é o teatro? Então, onde é que estão os camarins? Estes são os camarins, hein? Já que não têm porta, armário, cabide, espelho, pia ou toalhas, será que vocês poderiam me arrumar um banquinho?"
"Todo mundo trouxe sabonete pra tomar banho? Como? Ah, não precisa. Não é que já tenha sabonete. É que não tem chuveiro.”
Porém, nem tudo foram só derrotas nessa excursão. Sobre suas performances no palco, a matéria comenta: “Naquele fim de semana – 20 e 21 de agosto – não se apresentou apenas uma grande estrela do palco pop. Estiveram também em São Paulo, além do incrível vocalista de blues, Joe Cocker, o tecladista Nicky Hopkins e o saxofonista Boby Keys, ambos preferidos pelos Stones, em suas apresentações ao vivo ou mesmo em discos de estúdio. E muita gente que não sabia deste importantíssimo detalhe ficou sem ir, certamente pensando em encontrar um Joe Cocker cansado, marcado pelo tempo e pela estrada, sem aquela força taurina que marcou os tempos de Mad Dogs & Englishmen. No entanto, Cocker esteve maravilhoso, com sua voz forte e poderosa, seu embalo mágico, seus sentimentos em pé, sua coragem ativa. Talvez apanas algumas cicatrizes deixadas pela tristeza que teve de renegar a posição número um do cantor pop, para fazer excursões e shows baratos, com a finalidade de ver-se livre das enormes dívidas contraídas.”

30 comentários:

  1. Amigo, estive presente em um desses shows, no Ginásio da Portuguesa, SP. Não sabia desses detalhes "técnicos", mas posso lhe garantir: foi um dos melhores shows de Rock que assisti. Grande abrazzzz e parabéns pelo Show....

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    1. Eu estava nesse show... foi muito louco!!!

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    2. Eu também estive nesse show. Foi o primeiro astro estrangeiro que assisti. Inesquecível.

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    3. Eu também estive lá e foi maravilhoso.me senti no woodstok

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  2. Muito legal o post,amigo. Vi o show em Porto Alegre, no ginásio do Internacional,o Gigantinho (ao lado do estádio Beira-Rio). Acho que foi no dia 26/08/1977; fui de carona, de trecho em trecho, 256 km para ver o primeiro show internacional da minha vida. O Gigantinho lotado, todo mundo fascinado pra ver o cara que arrasara em Woodstock. Foi um show memorável. Ao final, Cocker voltou ao palco para o bis vestindo uma camiseta do Internacional e arrematou com With a Little Help from My Friends... Inesquecível!!!

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    1. Também estive neste show no Gigantinho! Foi um dos melhores shows que vi até hoje. E olha que lá se vão 40 anos! Inesquecível!!

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  3. Também estava no show da Portuguesa. Me lembro bem do "maestro" Nicky Hopkins puxando todas as músicas. Grande show!

    Estes detalhes sobre os problemas na organização do show não podia nem imaginar. Mas não me surpreendem. Naquela época tudo em matéria de shows era primitivo, tosco...

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  4. Pois é, Joe Cocker e seu público mereciam uma melhor estrutura.
    Um abraço

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  5. Eu estava no show em santos foi no clube internacional de regatas !! Realmente inesquecível, procurei alguma matéria sobre este show e o único registro deste evento está no seu blog parabéns!!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Valeu, Solange. Que bom que vc encontrou o que procurava em meu blog. Abraço

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  8. a solange está enganada de endereço...o show foi no clube de regatas santista e em determinado momento ( inesquecível por sinal ele deu um soco no microfone)...infeliz
    mente um show magnífico para um máximo de 1.300 pessoas),

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    1. Isso mesmo! Foi no clube Regatas Santista, estive lá eu tinha 19 anos, foi um dos melhores show que assisti.fiquei "em baixo" sentado na quadra pertinho dele.

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    2. Uma experiência e tanto, com certeza

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  9. Eu estava no Clube da Portuguesa naquela noite! É claro que nem me passava pela cabeça que havia problemas técnicos, eu somente estava totalmente encantada porque Joe Cocker estava IMPECÁVEL! Nem uma nota desafinada, tudo tão perfeito que parecia irreal! Eu sabia nada de inglês e fiquei alegrinha de entender quando ele anunciou o término do show, declarando que estava na hora de dormir...rs... muito bom esse cara!

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  10. É sempre bom termos o testemunho de quem esteve presente nos eventos aqui mencionados. Obrigado pelo depoimento, Lalá

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  11. Eu fui nesse show no ginásio da Porfuguesa e foi o 1. Show internacional q eu vi....foi demais, ainda na saida pude pegar autografos do pessoal da banda toda....nunca vou me esquecer disso...o baterista era BJ Wilson que tocou no Procol Harum....demais mesmo!

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  12. Eu fui nesse show no ginásio da Porfuguesa e foi o 1. Show internacional q eu vi....foi demais, ainda na saida pude pegar autografos do pessoal da banda toda....nunca vou me esquecer disso...o baterista era BJ Wilson que tocou no Procol Harum....demais mesmo!

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    1. Que belo testemunho. Deve ter sido incrível. Obrigado pelo comentário. Um abraço

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  13. Eu estava no show do Maracanãzinho. O lugar cabia mais de 15 mil pessoas e devia ter umas 500. Era desolador ver tanto espaço vazio. Atrasou muito, e quando achei q não ia mais rolar, pela demora e o enorme prejuízo, o apresentador pediu para que todos que estavam nas arquibancadas (a maioria) descesse para a pista. Tivemos que dar uma volta por fora do ginásio. E aí, o show... impecável, apesar da acústica horrorosa. Com quase 3 horas de duração. Antológico. Inesquecível. Muitos músicos. Tinha metais e 3 vocalistas. Cocker foi magnífico.

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    1. Nao cantou With a little help from my friends...imperdoável.

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  14. Estive neste show no clube regatas santista, era adolescente foi o primeiro show internacional que foi,e ele tomou um cooler de cerveja em lata.novidade na época.

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  15. Para aqueles que assistiram esse show em Santos/SP, na verdade não foi no Clube Internacional de Regatas, e sim no Clube de Regatas Santista. Eu tinha 13 anos e foi meu primeiro concerto de rock com um artista internacional. Foi uma experiência incrível e inesquecível. Fui saber quem eram o Nicky Hopkins e o Bob Meus muitos anos depois.

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  16. Foi meu primeiro show internacional (no Ginásio da Portuguesa). Nicky Hopkins usava uma camiseta com a estampa do comediante Groucho Marx, que tinha falecido alguns dias antes... é a memória mais marcante que tenho daquela noite!

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  17. Eu estava no Maracanãzinho. Difícil mesmo foi aturar o atraso, de mais de 3 horas, o cara estava muito louco, mas no fim, valeu.

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