Palavras Domesticadas

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ken Kesey e os Acid-Tests


Ken Kesey é uma das figuras mais representativas da contracultura dos anos 60. Para se falar sobre a era do psicodelismo, e tudo que envolveu aquele período, é preciso que a figura de Kesey seja citada, como nesse texto sobre o movimento hippie publicado em 1977, numa edição especial da revista Violão e Guitarra, sobre a história do rock:
“O movimento hippie como começou? Quem começou? Digamos que se Ken Kesey não inventou essa nova maneira de viver, chegou perto e por isso merece uma glória que quase ninguém lhe atribui. No início da década de 70, Kesey tinha cerca de trinta anos e era um jovem romancista para quem os dois primeiros livros haviam conquistado um razoável prestígio nos círculos literários (ele é o autor de Um Estranho no Ninho, que depois virou um filme de grande sucesso). De repente, ele abandonou tudo. Pega a mulher, Faye, e a filha mais velha e bota o pé na estrada. Reúne um bando de gente e forma um dos primeiros grupos hippies, batizado como The Marry Pranksters.
A situação era definida assim por um dos apóstolos: “As pessoas imaginam que nós somos o fim do mundo. É justamente o contrário. Queremos uma sociedade feliz, na qual cada pessoa trabalhará melhor, porque ela própria terá mudado a mentalidade. A liberdade, a tolerância, o amor. Queremos que se erga o Tibete da era atômica.”
Mas a posição pioneira de Kesey não era isolada. Durante o nascimento dos Pranksters, outras tribos, outros aglomerados comunitários, também começavam a se formar no país. Mas o grupo de Kesey se destacou por sua extraordinária atividade, em especial. Uma manifestação chamada Eletric Kool-Aid Acid Tests, isto é, uma experiência com LSD – a droga que, no momento vivia seu ápice – pública e aberta.

Sim, havia uma razão para a atitude de Kesey. Seu dropping-out deixara perplexos os velhos amigos e familiares. Kesey fizera experiências com o ácido, assim que a droga começou a ser lançada no país, e foi o LSD que transformou radicalmente sua vida. A exemplo de Timothy Leary – até então o mais famoso mestre na arte de lidar com o LSD, sendo expulso da faculdade onde lecionava, por manter abertas experiências com seus alunos, Kesey resolveu lançar-se ao seu próprio apostolado psicodélico. Leary, porém era um schoolar, um professor universitário, e seu trabalho com o LSD procurava revestir-se de um caráter de pesquisa científica; Kesey era um escritor, um artista, e sua investigação era de natureza estritamente experimental.
O acid-test era anunciado como uma tentativa de reproduzir, por meios mecânicos, exteriores, as sensações provocadas pelo LSD; constava basicamente de um show de luzes coloridas, muito vivas e brilhantes (que passaram a ser chamadas de “psicodélicas”), música, projeção de filmes, etc., que procuravam reproduzir a intensidade e a riqueza de experiências sensoriais provocadas pela droga. Na verdade, porém, o grande lance dos Pranksters era distribuir LSD aos participantes dos acid-tests.”

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