terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Revistas Legais - As Aventuras de R. Crumb
Do mesmo modo que o Brasil (re) descobriu a literatura beat nos anos 80, com a publicação de vários títulos de autores como Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Gregory Corso, entre outros, os quadrinhos underground americanos tiveram uma certa projeção(embora mais tímida) na década seguinte. As bancas de revistas passaram a oferecer novos títulos, revistas de produção barata, quase independentes, e que traziam uma amostra dessa escola dos quadrinhos americanos. Alguns títulos passaram a ser publicados, trazendo os principais autores undergrounds, como Nocaute, Porrada! e Abutre, mas a mais significativa publicação desse segmento era As Aventuras de R. Crumb, dedicada exclusicamente a esse mestre dos quadrinhos.
Assim como Jack Kerouac pode ser considerado o principal nome da Beat Generation, o mesmo pode-se dizer de Robert Crumb em relação aos quadrinhos underground. No início da década de 60, havia no meio estudantil americano uma epidemia de fanzines, produções artesanais de revistas, que eram produzidas em pequenas tiragens. É nesse período que Crumb começa a produzir suas revistas, a principal delas, Zap Comix, que foi a principal obra desse período. Naquele clima do movimento hippie, drogas e filosofia de paz e amor propagado pelo flower power, Crumb e sua esposa saíam pelas ruas e praças da Califórnia vendendo alguns dos 300 exemplares da revista Zap nº 1. Outros desenhistas juntaram-se a Crumb nos números posteriores, como Gilbert Shelton (criador dos Freak Brothers), Robert Willians, Clay Wilson, Victor Moscoso, Griffin e Spain. A Zap foi ganhando fama, e chegou a atingir um milhão de exemplares.
Crumb era amigo íntimo de Janis Joplin e ligado numa garota robusta - as mulheres no seu desenho costumam ter bundas e seios fartos, como as musas dos pintores clássicos. Foi o criador da capa de Chip Thrills, clássico álbum de Janis Joplin & Big Brother and The Holding Co. A gravadora Columbia substituiu a caricatura de Joplin, que ele havia feito para a capa, pelo desenho da contra-capa, e lhe preparou um cheque de 300 dólares. "Eu pedi a Janis pra dizer-lhes que podiam enfiar o dinheiro no rabo, etive um prazer enorme nisso: eles não estavam acostumados a que alguém recusasse o dinheiro da Colúmbia". Mais tarde recusaria uma proposta milionária para publicar uma página mensal para a Playboy americana. Isso fazia parte da personalidade de Crumb.
Recentemente ele esteve no Brasil, ao lado do desenhista Gilbert Shelton, a convite da FLIP de Paraty, quando ambos praticamente não respondiam às perguntas, numa atitude irreverente, aliás bem típica dos dois.
As Aventuras de R. Crumb, acredito que saiu em apenas dois números, pela Press Editorial (nunca encontrei um terceiro número), e são dois dos ítens mais preciosos de minha coleção de quadrinhos.
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