sábado, 15 de janeiro de 2011
John McLaughlin - Um Pioneiro do Jazz-Rock
A revista Pop nº 78 (abril/79) trazia uma matéria sobre um dos grandes guitarristas do estilo fusion,que une o peso e o vigor do rock à técnica e improvisação do jazz: John McLaughlin. Escrita por José Emílio Rondeau, a matéria traz em destaque a frase: "O último herói da guitarra faz sua volta triunfal ao rock elétrico". Abaixo, a matéria:
"O ano passado marcou a volta de John McLaughlin ao rock elétrico com um disco que rememora velhos tempos e bons amigos. O título do disco é seco e direto, como o cartão de visitas que enfeita sua capa: John McLaughlin - Eletric Guitarrist. Lá estão todos que, numa época ou outra, tocaram com ele: Tony Wiliams, Chick Corea, Jack Bruce e Billy Cobham. 'Você pode chamar o disco de reunião de famíia', diz McLaughlin, 'porque é exatamente isso que ele é.'
John McLaughlin nasceu em Yorkshire, Inglaterra, e passou a interessar-se por jazz e blues aos 14 anos, quando conheceu o louquíssimo Graham Bond, uma espécie de Muddy Waters branco, padrinho musical de Ginger Baker e Jack Bruce, entre outros. Anos mais tarde, seu lado jazzístico falou mais alto e ele partiu para uma volta às raízes com o álbum Extrapolation, de pouca projeção comercial e crítica, mas que levou seu nome ao outro lado do Atlântico, chegando aos ouvidos do baterista Tony Williams, que, convidou McLaughlin, em 1970, para tocar em sua banda, a Lifetime, e sem querer promoveu o encontro de John com seu maior ídolo, Miles Davis. Com a Lifetime, John gravou dois discos, Emergency e Turn it Over. Com Miles, fez os álbuns que marcariam o início o jazz-rock, Bitches Brew e In Silent Way. Ele conta como foi: 'Cheguei no estúdio com minha guitarra e comecei a procurar os acordes para acompanhar a música. Miles virou para mim e disse: 'Toque guitarra como se você nunca tivesse tocado guitarra na vida!' Eu não entendi nada mas fiz o que ele mandou. O som acabou saindo muito bonito'.
Em 1971, na França, McLaughlin gravou seu segundo disco, Devotion, que iniciaria a longa associação mística com o guru bengali Sri Chimnoy, que modificaria radicalmente sua música. Ainda em 71, John lançava o acústico My Goal's Beyound, um mosaico de improvisações de jazz sobre escalas indianas. Os músicos que o acompanhavam nesse disco eram o baterista Billy Cobham e o violinista Jerry Goodman.
Cobham e Goodman, mais o tecladista Jan Hammer e o baixista Rick Laird, além do lider McLaughlin formariam o primeiro supergrupo de jazz-rok dos anos 70, a elétrica e fantástica Mahavishinu Orchestra, que gravaria Inner Mouting Flames, Bird of Fire, Love,Devotion, Surrender (com Carlos Santana) e Betwen Nothingness and Eternity, o último disco da Mahavisshinu. Sua nova banda, a Mahavishinu Mark II, registraria os os LPs Apocalypse, Visions of the Emerald Beyond e Inner Words,que marcaria o fim do grupo.
Apesar de abandonar a devoção espititual, McLaughlin manteve o interesse pela música indiana, traduzido por três discos acústicos serenos e precisos: Shakti, A Handful of Beauty e The Four Elements. Sua volta à música elétrica, com segurança e tranquilidade, prova que que John McLaughlin continua sendo, aos 36 anos, um músico adiante de seu tempo, revolucionário, sem precisar se cobrir de lamê e purpurina. Afinal, ele é apenas um herói da guitarra.
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