Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Zé Ramalho em Atafona


O verão já foi embora, mas ontem ainda aconteceu um show da programação de verão da prefeitura de São João da Barra, no balneário da praia de Atafona. O show adiado de Zé Ramalho, que era para ter acontecido no mês passado, mas que em virtude da greve da PM não aconteceu na data marcada, levou um grande público à praia de Atafona numa tarde/noite cinzenta e nublada. Felizmente a chuva não caiu, mas se caísse não estragaria o grande show que Zé Ramalho proporcionou a seus fãs.
O adiamente acabou gerando um desencontro com relação ao horário do show. Como os shows da programação de verão, inclusive o show adiado, aconteciam às cinco da tarde, o público se dirigiu ao Balneário no horário habitual. Porém o horário estabelecido para ontem foi seis e meia. Felizmente eu me informei a tempo sobre essa mudança, e cheguei pouco mais de meia hora antes do show começar, por volta das sete da noite. Esse suposto atraso, causado por uma falta de divulgação com relação ao novo horário do show, irritava o público, que já vaiava, pedindo o início da apresentação.
Porém, ao dar entrada no palco, logo a irritação da plateia deu lugar ao delírio. O show começou com uma bela interpretação de Zé Ramalho para Lamento Sertanejo, de Gilberto Gil e Dominguinhos, do disco de Gil Refazenda, de 75. Em seguida Ramalho cantou sua versão para The Times They Are A- Changin', de Bob Dylan, e O Amanhã é Distante, também do mesmo disco em homenagem a Dylan. Em seguida o seu público foi brindado com uma série de sucessos marcantes de sua carreira, como Avohai, Beira Mar, Banquete dos Signos, Entre a Serpente e a Estrela, Admirável Gado Novo, Eternas Ondas, Garoto de Aluguel, Terceira Lâmina, Chão de Giz, Frevo Mulher, que encerrou a apresentação, todas com grande participação do público, que cantava junto e vibrava a cada introdução de seus sucessos. Raul Seixas também foi lembrado, e igualmente arrancou muitos aplausos, já que há uma certa afinidade entre seu trabalho e o de Raul. O Trem das Sete e Medo da Chuva foram cantadas por todos.

A Banda Z, que o acompanha, dava conta do recado, e Zé Ramalho pôde exercer todo seu carisma no palco. Para quem é fã de longa data como eu, e aprecia sua obra desde seus primeiros discos, sempre fica aquela sensação de ter faltava algumas músicas marcantes. Gostaria de ter ouvido, por exemplo, Jardim das Acácias, Orquídea Negra, composição de Jorge Mautner, que de tão adequada a seu estilo, muitos acham que é composição sua, ou ainda sua versão para outra música de Dylan, Knockin' On Heavens Door, e Pelo Vinho e Pelo Pão, também gravada por Fagner.
Mas o que importa é que Zé Ramalho nos brindou com um grande show, provando que sua obra já atravessa décadas, e seu público se renova. É bom ver um artista que produz um trabalho de qualidade, que já chegou a viver um período de ostracismo nos anos 80, se reerguer e voltar a lotar todos os shows que apresenta. Posso dizer que saí novamente feliz de mais um show desse grande artista que é Zé Ramalho.

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