quinta-feira, 22 de março de 2012
Os 70 Anos de Jorge Ben
Hoje o mundo da música está em festa. Os 70 anos de Jorge Ben estão sendo comemorados. Jorge Ben é sem dúvida um de nossos músicos mais criativos, dono de um estilo sem igual, e uma das personalidades mais marcantes de nossa música. Desde que gravou, em 1963, seu primeiro compacto - Mas, Que Nada - até hoje um de seus maiores sucessos, e logo depois, seu primeiro disco, Samba Esquema Novo, a música brasileira nuna mais foi a mesma, pois surgia ali uma batida de violão diferente de tudo que se ouviu até então, e também um compositor inspirado, com letras criativas e harmonias bem próprias, com uma marca pessoal. Seu samba eletrificado, com influências da batida do rock, algo até então nunca ousado por qualquer músico, fez com que Jorge Ben fosse ganhando prestígio, além de conquistar seu público.
"Minha preocupação é fazer uma música global, que seja entendida no Brasil e na Suécia, sem perder a identidade", assim uma vez Ben definiu seu trabalho e a linguagem universal de sua música, que nunca se prendeu a barreiras de estilo ou segmentos. Tanto é que trafegava livremente entre setores até então incompatíveis, como a ala mais radical da MPB, formada pelo pessoal ligado ao programa de TV O Fino da Bossa, e também do pessoal da Jovem Guarda, do qual era amigo pessoal de Roberto e Erasmo. Mais tarde também foi adotado como uma espécie de guru pelos tropicalistas.
Sua ousadia musical o levou a fazer trabalhos experimentais, desafiando os executivos de sua gravadora, que temiam ver suas vendagens de discos despencarem. É o caso de um de seus álbuns mais aclamados, A Tábua de Esmeraldas, de 1974. Ao apresentar sua proposta para um novo álbum, como um disco temático, falando de um assunto estranho para seu público, a alquimia, com músicas aparentemente com pouco teor comercial, o disco foi de início vetado. Jorge teve que bater pé, e ter o apoio do diretor da Philips, André Midani, para que sua obra-prima fosse finalmente lançada, e alcançado o sucesso merecido. Na ocasião a prática da alquimia, a vida de seus praticantes e sua filosofia eram suas leituras mais constantes e isso se refletiu em sua música. Seu álbum seguinte, Solta o Pavão, de 1975, também trazia músicas inpiradas nos alquimistas, e é um excelente álbum. Nesse mesmo ano lançaria um álbum duplo em parceria com Gilberto Gil, com muita improvisação acontecida no estúdio. Embora criticado por alguns, o disco com Gil é uma verdadeiro clássico, mostrando a criatividade e o poder de improvisação de dois músicos excepicionais. Na sequência, em 1976, ele lançaria outro disco explêndido, África-Brasil. Essa foi uma de suas fases mais criativas.
A partir de 1994, já adotando o Benjor em seu nome, ele experimentou um período de enorme sucesso, quando as novas gerações descobriram sua música, seu balanço e seu suíngue, fazendo-o voltar a lotar seus shows. Na verdade a música de Jorge Ben nunca perdeu a atualidade, a força e o poder de comunicação, apenas o mercado o havia deixado de lado, e assim que foi redescoberto reencontrou o sucesso.
Hoje, aos 70 anos (embora nem de longe pareça), Jorge Ben ou Benjor, continua a ser o grande propagador da alegria, da poesia simples e direta, do balanço, da raça e do suíngue e da simpatia, tão propagado em suas composições. Um alquimista do som, que faz da música uma festa. Salve Jorge!
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Muito bom o texto.
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