Hoje uma lenda viva do rock e do blues completa 67 anos: Eric Clapton. A guitarra de Clapton fez parte da trilha sonora de minha adolescência. Não me lembro exatamente do primeiro contato que tive com a música de Clapton, mas sei que por volta de meus quinze anos eu descobri que havia algo de diferente naquele toque. A primeira gravação de Clapton que eu me recordo de ouvir no rádio foi a sua versão para I Shot The Sheriff, de Bob Marley, que fez um grande sucesso e tocava direto nas rádios. Essa gravação fazia parte de seu álbum 461 Ocean Boulevard, um disco que representou um retorno de Clapton às gravações, após um longo período em que se envolveu fundo com a heroína. As drogas, por sinal, representaram um obstáculo que Eric teve que enfrentar em vários momentos de sua vida. Essa luta que Eric teve que travar estão muito bem relatados em sua autobiografia.
Sua primeira guitarra, ele ganhou aos 14 anos, de seus avós que o criaram, já que sua mãe era quase uma criança quando lhe deu a luz. Sua principal inspiração eram os velhos blues que não cansava de ouvir e tocar em seus primeiros acordes. Músico autodidata, Clapton chegou a frequentar uma escola de música, mas logo a abandonou para tocar em sua primeira banda, The Roosters. Na época Eric tinha apenas dezoito anos, mas já era um músico respeitado no meio musical londrino. Após deixar a banda e integrar outra formação no grupo Casey Jones & The Enginers, onde também teve uma curta passagem, Clapton viria a integrar os lendários Yardbyrds. Logo ele se tornaria a principal figura da banda, por sua técnica admirável. Na época ganhou o apelido de Slowhand (mão lenta), devido à sua maneira de solar. Nos Yardbyrds gravou clássicos como I Wish You Would e Good Morning Little School Girl, além de um antológico álbum ao vivo ao lado do gaitista Sonny Boy Williamson. Um ano e meio após tocando com o grupo que havia lhe dado projeção, Clapton resolve deixar a banda, por discordar do rumo, segundo ele, comercial que os Yardbyrds estavam tomando, preferindo se dedicar ao blues mais de raiz. Logo é recrutado pelo grande mestre do blues inglês, John Mayall, e passa a integrar os Bluebreackers, sua banda de apoio.
Foi durante sua participação no John Mayall's Blubreackers que aconteceu o famoso episódio em que uma pichação no metrô de Londres dizia "Eric is God".
Sobre sua devoção ao blues, Eric um dia falou: "Eu me sinto um protetor do blues. É uma arte menosprezada e eu me indigno quando as pessoas não a levam a sério. Voltei às raízes do blues porque liberam mais energia e vitalidade do que qualquer outra coisa que se possa imaginar."
Mesmo tendo representado uma grande escola para Clapton, a dura disciplina exigida por Mayall fez com que ele resolvesse seguir outro rumo, e assim, se juntou ao baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker para formar o lendário power trio Cream, que entre 66 e 68 fez história, e até hoje é considerado um dos grandes grupos da história do rock. Com o fim do Cream, Eric formou o Blind Faith, outra banda de vida curta, porém marcante, como todos seus projetos musicais. Era formado por, além dele, seu companheiro de Cream, Ginger Baker, Stevie Winwood e Rick Grech. O Blind Faith, também considerado um supergrupo (como eram chamadas as bandas formadas por músicos de renome) só chegou a gravar um disco, pra variar, outro clássico do rock. Em seguida, participaria de mais uma banda de vida efêmera, Delaney & Bonnie & Friends.
Em 70, lançaria enfim seu primeiro álbum solo. Segundo li, esse álbum, apesar de ter a participação de grandes músicos, como Stephen Stills e Leon Russel, não foi muito bem recebido por seu público. Clapton então parte para outro trabalho em grupo, dessa vez com a banda Derek and The Dominoes, com quem Clapton gravou o álbum duplo Layla And Other Assorted Love Songs, que incluía uma de suas músicas mais marcantes: Layla.
E a partir daí Eric Clapton voltaria definitivamente para sua vitoriosa carreira solo, lançando álbuns brilhantes, enquanto empreendia uma difícil luta contra o álcool e as drogas, que por pouco não arruinaram sua carreira e sua vida. Segundo declarou uma vez "Journeyman (de 1989) foi o primeiro disco que eu fiz completamente sóbrio." No final de 1991 acontece uma tragédia em sua vida pessoal: a morte por acidente de seu filho Connor, que o leva a compor outro de seus grandes sucessos: Tears In Heaven. E assim, superando dramas pessoais, lutando contra a dependência do álcool e das drogas, através de sua música, Eric Clapton pode ser chamado de um sobrevivente, que fez da música sua salvação, e ainda continua, aos 67 anos, hoje comemorados, brindando seus fãs com sua música e sua arte.
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