Palavras Domesticadas

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terça-feira, 20 de março de 2012

Peter Gabriel - 1986


Peter Gabriel é um caso interessante no mundo artístico. Fez parte de uma banda de grande sucesso, o Genesis, do qual era vocalista, partindo para uma careira-solo, como tantos outros. Porém, como artista-solo, Gabriel passou a fazer um tipo de música totalmente diferente do que interpretava em sua antiga banda. O seu som traz elementos de música étnica, rotulada como world music, com influência de ritmos africanos e também brasileiros. Aliás, sobre sua saída do Genesis, ele declarou: "Quando saí do Genesis (em 1975), jurei a mim mesmo deixar para trás todas as coisas associadas com meu trabalho no grupo, o violão de 12 cordas, por exemplo. O lado teatral também. Mas acho que as pessoas exageraram muito minha participação na banda. Ali havia, realmente, um trabalho de grupo."
Em 1986 lançou o seu disco de maior sucesso, "So", que chegou a ficar em primeiro lugar na parada inglesa, além de alcançar bons índices também nos EUA. Na edição de O Globo de 29/06/86 o fotógrafo e jornalista Maurício Valadares escreveu sobre o disco, que acabava de ser lançado no Brasil:
"Peter Gabriel, um belo nome. Desde o lançamento, em 82, de seu quaro elepê solo, todos nós começamos a imaginar o que estaria por vir. O tempo passou, e nada. Ele chegou a nos visitar por duas vezes. Na última, há exatamente dois anos, veio gravar com Djalma Correa algumas tomadas de percussão. O Brasil fazia parte de um roteiro intercontinental visando 'o próximo disco'. Por aqui, Gabriel demonstrou seu fascínio cada vez maior pela música africana. A preocupação de jamais chegar perto de algo descartável era constante.

O elepê ao vivo de 83 e a trilha de 'Byrdy' não chegaram a fazer cócegas na saudade. Não era possível um artista como ele produzir um silêncio tão grande. Até que mês passado a barreira foi rompida. De primeira, Gabriel entrou na parada inglesa com a música 'Sledgehammer'. Finalmente pudemos sentir o cheiro do que ele estava aprontando. Para quem esperava alguma coisa densa, o compacto foi uma surpresa. Um funk, um bate-bola entre James Brown e Marvin Gaye com tudo a que tem direito - metais, vocais de apoio, baixo e bateria mais na cara do que quem perde penalti, etc. Além de ter rendido um vídeo inacreditável. O mix de 'Sledgehammer' já foi lançado aqui e vale, também, por suas duas faixas no lado B.
Custou mas apareceu. Com um retrato em preto e branco na capa e intitulado de 'So', Gabriel está de volta. Como sempre, ele se faz acompanhar por Tony Levin, Jerry Marotta e David Rhodes. Para reforçar o time chegaram Stewart Coppeland, L. Shankar e Richard Tee. Para ajudar nos vocais vieram Kate Bush, Jim Kerr (Simple Minds) e Youssou N'Dour (a mais nova sensação da música africana).
Neste disco Gabriel não se afasta dos temas de tabalhos anteriores, nem se aventura por direções pouco conhecidas. O branco de quatro anos não o levou a 'inventar' nada. Ele continua quase o mesmo. Mais balançado como em 'Sledgehammer' e 'Big Time'. Faixas como 'Mercy Street', 'In Your Eyes' e 'Don't Give Up' são marcas registradas. 'Excelent Byrds', que primeiro foi lançada por Laurie Anderson em seu elepê 'Mr. Heartbreak', recebeu uma nova mixagem. A produção foi dividida com Daniel Lanois (Brian Eno, U2).
É difícil apontar qual o melhor disco de Gabriel. Todos sempre foram o melhor em suas datas de lançamento. Com o tempo eles se confundem e passam a ter a expressão de seu criador. Pedro Gabriel, lindo nome."

2 comentários:

  1. Lindo nome e em tudo o que faz. Só me chateia ele querer negar o seu passado no Genesis como se fosse uma coisa ruim. Seu trabalho na banda é tão valorizado que a banda The Musical Box executa com perfeição suas performances. Peter Gabriel aprovou a banda com louvor. Então, por que ele nunca nos deu o gostinho de uma reunião assim como o Pink Floyd? Mágoas devem ser deixadas de trás. O importante foi que ele fez o nome dele sozinho e mostrou seu potencial fazendo outro estilo. Amo Gabriel!!!

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  2. Não sei ao certo quais as razões da saída de Peter Gabriel do Genesis em 75. Não sei se foi por um desentendimento que pode ter gerado algum tipo de mágoa, ou se foi apenas por um desejo de mudança em sua direção musical. Não tenho notícias de alguma tentativa de reagrupar a formação clássica da banda, mas seria uma ótima pedida. Obrigado pelo comentário.

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