Palavras Domesticadas

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Elvis Presley - 68 Comeback Special

Em 1968 a careira de Elvis Presley andava meio estagnada. Os tempos do jovem rebelde que desencadeou toda uma mudança na música e no comportamento da juventude já ficara pra trás, e seus filmes de roteiros açucarados já não despertavam tanta atenção. Na verdade, o grande responsável pela fase decadente de Elvis foi seu empresário, o "Coronel" Tom Parker, que só visava o lucro financeiro, em detrimento  do prestígio artístico de seu cliente.
Nos anos 50, até início dos 60, a fórmula de sucesso engendrada por seu empresário surtiu efeito, e fez  grande sucesso, rendendo altos dividendos ao rei do rock. Todos seus filmes, por piores que fossem, eram sucesso garantido, embora artisticamente sua carreira estivesse indo por água abaixo. Porém, a partir de meados dos anos 60, o rock mudara o panorama, com o surgimento de bandas de peso , como Beatles e Stones, principalmente, e o grande apelo que exerciam perante a juventude. Elvis, aos 33 anos, precisava justificar seu título de Rei do Rock, antes que caísse no esquecimento. Porém Tom Parker insistia em uma fórmula que nada traria para contribuir para o resgate da imagem de Elvis junto ao público de rock.
No final de 68 o empresário propôs a Elvis um especial de Natal onde Elvis apareceria sentado em uma poltrona interpretando músicas natalinas, uma coisa completamente careta e de pouco apelo para o público jovem. Elvis, sentindo a roubada que ia entrar, disse não ao Coronel - uma das raras vezes em que não se deixou manipular. Conta-se que o Coronel Tom Parker ficou enfurecido, mas Elvis bateu pé, talvez sentindo que se fosse na onda de seu empresário, poderia enterrar de vez sua carreira. E assim Elvis voltaria a encarnar depois de anos, o rocker que ela havia representado no avassalador início de sua carreira.
Para o especial, Elvis se vestiu de couro, como nos velhos tempos, e convidou para acompanhá-lo, dentre outros, Scotty Moore e DJ Fontana, dois músicos que tocavam com ele nos tempos que era um autêntico cantor de rock. O especial começou com "Trouble", da trilha de seu filme Balada Sangrenta. Elvis ainda pegou na guitarra, e desfilou uma série de canções de seu início de carreira, como "That's All Right", "Heartbreack Hotel", "One Night", entre outras. Também interpretou o blues "Baby What Me to Do", de Jimmy Reed. Elvis parecia bem à vontade no palco, cantando para uma pequena plateia.
Outro bom momento do especial foi a interpretação de "Guitar Man", outro excelente rock, bem no estilo que o consagrou no início de careira. Elvis também dedicou uma parte de seu especial à música gospel, que ele sempre gostou de cantar, com um corpo de baile fazendo um número de dança. O ponto destoante do especial foi a interpretação dublada de uma balada açucarada, chamada "Memories" - uma pequena derrapada que não chegou a comprometer a proposta do show.
Para encerrar o especial, Elvis interpretou uma canção feita em homenagem a Martin Luther King, que havia sido assassinado naquele ano, e o mundo ainda vivia sob o impacto da morte do líder do movimento pelos direitos civis. Longe de ser algo oportunista, a homenagem foi interpretada de uma forma segura e emocionada.
Sem dúvida, esse especial para a tv, que foi ao ar em 3 de dezembro, batendo recordes de audiência, representou uma volta triunfal de Elvis a um mundo onde ele sempre reinou, apesar de alguns tropeços;: o mundo do rock'n roll. Assisti a esse especial pela primeira vez pela tv (SBT), nos anos 90. Anos depois, o DVD do especial foi vendido em bancas de jornais. Para quem quiser conhecer o melhor de Elvis esse DVD é melhor recomendado do que a fase "Las Vegas", por exemplo. Ali Elvis mostra porque é até hoje conhecido como "O Rei do Rock".


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