Um dos melhores e mais energéticos discos ao vivo que conheço é Live at Leeds, do The Who, lançado em 1970. Conheci o disco em vinil, e depois ao ser lançado em cd, numa comemoração aos 25 anos de lançamento do disco, em 1995, em uma versão ampliada, eu adquiri. Na ocasião, o jornalista Luiz Henrique Romanholli publicou na sessão Rio Fanzine do jornal O Globo uma matéria sobre o relançamento:
"Não é só Steven Spielberg que engorda a conta bancária à base de dinossauros. Todo mês, chegam às lojas de discos caixotes, compilações com 'lados B' ou reedições com faixas bônus inéditas. No meio da algumas coisas boas, muita picaretagem e caça-níqueis. Mas, a reedição de 'Live at Leeds', do quarteto inglês The Who, originalmente lançado no dia 23 de maio de 1970, é especial. Se o resto vier com ela, um brinde.
O álbum, recém-lançado lá fora, será importado pela PolyGram e estará nas lojas brasileiras até o final deste mês. É um dos melhores momentos ao vivo de Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocal), John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria), famosos por apresentações incendiárias.
A nova e luxuosa edição (limitada e numerada) vem numa caixa tamanho LP. Além de um cd com mais oito músicas (mais do que o dobro da versão original), o whoaholic encontrará fotos e um trecho de uma crítica publicada no jornal 'Yorkshire Evening Post'.
Num envelope de papel-vegetal, há, entre outros documentos, cópias da letra datilografada de 'My Generation' (com observações do próprio punho de Pete Townshend); uma carta de um executivo da EMI se recusando a contratar o grupo (na época chamado High Numbrs); além de fotos e um poster. E tem mais: no livrinho do CD, a ficha técnica do disco, mais fotos, comentários das faixas e trechos de uma entrevista concedida no dia do show (20 de fevereiro de 1970) à revista 'Union News', da Universidade de Leeds. Suficiente?
Pete Townshend em ação |
Claro, tem a música. Mais fulminante do que dois Sávios [jogador revelação do Flamengo na época], a apresentação é impecável. 'Live at Leeds' é considerado um dos melhores álbuns ao vivo da história do rock - rivaliza com 'Live at The Apollo' (James Brown) e 'Get Year Ya-Ya's Out' (Rolling Stones). O som é pesado, gordo, alto. Pete Townshend está na sua melhor fase (a da Gibson SG), alternando power chords e solos anárquicos. Keith Moon soa feroz, incansável: o homem-virada. Entwistle é uma aranha, emendando escalas com uma fluência invejável. As novidades estão à altura das antigas faixas. Por que teriam ficado de fora? Falta de qualidade não teria sido. Talvez por limitação de espaço, coisas do vinil. 'Tattoo (de 'The Who Sell Out') vem depois de uma versão pesadíssima de 'Fortune Teller' (de Naomi Neville, mais famosa na versão dos Stones). Há 'I'm A Boy', 'Heaven and Hell' e 'Happy Jack' em ótimas versões e um engraçado bate-papo da banda com a plateia, explicando a mini-ópera 'A Quick One'.
Quem quer ver o Who além de ouvir pode procurar o vídeo '30 Years of Maximum R&B Live', lançado no Brasil em outubro. Duas horas e meia (!) de apresentações inéditas, entrevistas antigas e novas e uma cena antológica: numa apresentação no Cow Palace, em São Francisco, no dia 20 de novembro de 1973, Keith Moon cai por cima da bateria. E Pete Townshend chama um garotão da plateia para substituí-lo. Stage dive perde."
A versão do cd que possuo não é a luxuosa descrita na matéria, mas traz a versão ampliada completa e um ótimo encarte com textos e fotos.
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