Eric Burdon, líder da banda inglesa The Animals um dia resolveu mudar radicalmente de estilo musical. Ligado em black music, Eric teve a ousadia de se juntar a um grupo de negões da mais alta estirpe black, que formavam a banda War, e fazer um som com eles. O resultado foi o melhor possível, em dois ótimos discos. Após a saída de Burdon a banda continuou fazendo seu som com muito suíngue e balanço, e com certeza também absorveu influências do velho rocker, pois seu som também traz altas doses de rock. Basta ouvir seus discos. Abaixo transcrevo uma entrevista para a revista Vírus com Loonie Jordan, único membro original ainda na banda no final dos anos 90, quando saiu a publicação. A matéria é assinada por Rodrigo Brandão:
"Em algum ponto da virada dos 60 para os 70, Eric Burdon se encheu dos Animals e foi tirar um som com uma turma de negros latinos, meio malandros, meio freaks de nome War. Juntos gravaram dois álbuns muito bons. Durante a turnê europeia do segundo disco, Eric caiu fora e o grupo continuou por conta. De lá para cá, muitos integrantes foram trocados, alguns morreram, mas o War continua na ativa, inclusive gravando disco novo. A Vírus trocou uma ideia com o único remanescente original dos guerreiros do funk, o tecladista e vocalista Loonie Jordan.
Muita gente já sampleou músicas de vocês. Beastye Boys, Portishead e Guru são apenas alguns exemplos. O que você acha disso?
Fico muito honrado que todos eles reconheçam o valor da nossa música. Estou lisonjeado. É ótimo.
O que vocês andam fazendo atualmente?
No momento estamos no meio da gravação de um novo álbum, mas eu sou o único membro da formação original.
Fale um pouco sobre o vídeo de 'Peace Sign'. Ele tem participação de Ace Cube, não é mesmo?
Sim, Ace Cube está no vídeo. Assim como um monte de gente de várias gangues, mesmo rivais. A nossa mensagem para a molecada é a de que dois dedos para cima quer dizer 'paz' e não é nenhum sinal de gangue alguma, mas um sinal que todo mundo pode fazer. O negócio é paz, não violência.
Então o nome da banda é meio contraditório, concorda?
É que a gente escolheu o nome durante a guerra do Vietnã. Decidimos nos chamar War porque a mensagem era guerra contra todas as guerras no mundo e nas ruas. Queremos paz! E dizíamos: 'Que tal parar de pegar em armas e sair atirando por aí, e passar a pegar em instrumentos musicais e tirar belas notas?
Como você vê essa volta do funk nos anos 90?
Na real, isso tudo sempre esteve por aí e foi ficando cada vez mais forte, principalmente nós. O War é a música funk se fortalecendo a cada ano. Nos anos 90, o que estamos vendo é apenas uma outra versão do estilo.
É verdade que vocês chegaram a fazer uma jam session com Jimi Hendrix?
Três dias antes de ele morrer, a gente fez um som numa casa noturna na Inglaterra. Ele tinha vindo alguns dias antes ao teatro onde estávamos nos apresentando, mas não chegamos a fazer uma jam. Ele veio dar uma sacada na banda e encontrar Eric Burdon, com quem a gente tocava na época. Depois de algumas noites ele voltou e foi aí que aconteceu.
Conte um pouco sobre o período em que vocês tocavam.
Quando era pequeno, relacionava o blues com gente bebendo e brigando. Costumava ver meus pais e seus amigos jogando baralho e tudo que eu ouvia era Jimmy Reed: 'You got me runnin', you got me runnin' ' (cantarola). Eles brigavam e eu ficava assustado. Eram galões e mais galões do velho whisky de milho (risos). Talvez por isso eu não seja muito fã de blues. Mas eu adoro black music, inclusive, adoro música brasileira! Gente como Astrud Gilberto, Gil Gilberto (sic) e Djavan. Mas o meu favorito é Antonio Carlos Jobim.
Aproveitando a deixa, qual são suas principais influências?
Jazz, funk, música latina e brasileira.
E o resto da banda?
Bem, a rapaziada nova é muito influenciada pelo próprio War."
Muita gente já sampleou músicas de vocês. Beastye Boys, Portishead e Guru são apenas alguns exemplos. O que você acha disso?
Fico muito honrado que todos eles reconheçam o valor da nossa música. Estou lisonjeado. É ótimo.
O que vocês andam fazendo atualmente?
No momento estamos no meio da gravação de um novo álbum, mas eu sou o único membro da formação original.
Fale um pouco sobre o vídeo de 'Peace Sign'. Ele tem participação de Ace Cube, não é mesmo?
Sim, Ace Cube está no vídeo. Assim como um monte de gente de várias gangues, mesmo rivais. A nossa mensagem para a molecada é a de que dois dedos para cima quer dizer 'paz' e não é nenhum sinal de gangue alguma, mas um sinal que todo mundo pode fazer. O negócio é paz, não violência.
Então o nome da banda é meio contraditório, concorda?
É que a gente escolheu o nome durante a guerra do Vietnã. Decidimos nos chamar War porque a mensagem era guerra contra todas as guerras no mundo e nas ruas. Queremos paz! E dizíamos: 'Que tal parar de pegar em armas e sair atirando por aí, e passar a pegar em instrumentos musicais e tirar belas notas?
Como você vê essa volta do funk nos anos 90?
Na real, isso tudo sempre esteve por aí e foi ficando cada vez mais forte, principalmente nós. O War é a música funk se fortalecendo a cada ano. Nos anos 90, o que estamos vendo é apenas uma outra versão do estilo.
É verdade que vocês chegaram a fazer uma jam session com Jimi Hendrix?
Três dias antes de ele morrer, a gente fez um som numa casa noturna na Inglaterra. Ele tinha vindo alguns dias antes ao teatro onde estávamos nos apresentando, mas não chegamos a fazer uma jam. Ele veio dar uma sacada na banda e encontrar Eric Burdon, com quem a gente tocava na época. Depois de algumas noites ele voltou e foi aí que aconteceu.
Conte um pouco sobre o período em que vocês tocavam.
Quando era pequeno, relacionava o blues com gente bebendo e brigando. Costumava ver meus pais e seus amigos jogando baralho e tudo que eu ouvia era Jimmy Reed: 'You got me runnin', you got me runnin' ' (cantarola). Eles brigavam e eu ficava assustado. Eram galões e mais galões do velho whisky de milho (risos). Talvez por isso eu não seja muito fã de blues. Mas eu adoro black music, inclusive, adoro música brasileira! Gente como Astrud Gilberto, Gil Gilberto (sic) e Djavan. Mas o meu favorito é Antonio Carlos Jobim.
Aproveitando a deixa, qual são suas principais influências?
Jazz, funk, música latina e brasileira.
E o resto da banda?
Bem, a rapaziada nova é muito influenciada pelo próprio War."
Massa. No YouTube, tem disponível um bootleg dessa jam entre Burdon & War e Hendrix. A qualidade não é tão boa (quanto a do registro da participação dos caras no Beat Club), mas vale a pena.
ResponderExcluirwww.youtube.com/watch?v=w6qcafgLHe4
Valeu. Vou dar uma conferida. Abraço
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