quarta-feira, 25 de abril de 2012
Neil Young - Dinossauro de Pé
Neil Young é uma lenda viva do rock. Atravessa gerações fazendo o que mais gosta: compondo, criando, subindo ao palco e interagindo com novos músicos, que o veem como um ídolo. Num velho recorte de 1987 que ainda guardo, o crítico John Rockwell, do New York Times, numa matéria traduzida, fala de Young, exaltando sua capacidade de estar sempre renovado e mostrando sua arte e seu carisma no palco:
"De todos os dinosauros que fazem barulho tentando aparecer na paisagem do rock, Neil Young destaca-se como o mais vivo de todos e como o menos propenso a perder sua criatividade. É possível para qualquer músico que tenha feito sucesso no passado ficar tocando velhos hits opós décadas, e até despejar novas músicas que lembram esses antigos sucessos. Os Beach Boys vêm batendo nesta tecla por mais de 20 anos, e os Rolling Stones - ainda que com suas auto-imitações brincalhonas - estão fazendo isso.
Mas Neil Young é diferente, como foi conferido em seu recente show no Palladium. Ele parece rejuvenescido criativamente, e essa impressão é reforçada por uma espiada no seu próximo álbum, 'Freedom', a ser lançado ainda neste mês de outubro nos EUA, e pelo cd 'Eldorado', de cinco músicas editado no Japão, com parte desse material em cáusticas versões elétricas.
Young está também ganhando admiração de bandas novas em um grau tal, que a maioria dos músicos veteranos poderia apenas sonhar. 'The Bridge - A Tribute To Neil Young' é um disco e uma homenagem a ele, com versões de seus números musicais feitos por bandas como The Pixies, Sonic Youth e Henry Kaiser, é uma prova disso.
Em 1976, Neil Young lançou um conjunto de três LPs, que podem ser encontrados em dois cds nos EUA, chamado 'Decade'. Era uma retrospectiva de sua carreira até aquela data, e serviu para confirmar a sua fama como o mais importante cantor de rock depois de Dylan. O disco trazia anotações detalhadas sobre cada música e a seleção do repertório traçava a trajetória de sua carreira do primeiro sucesso, até o seu afastamento deliberado da engrenagem pop. Em uma das mais conhecidas declarações do universo do rock, Young descreve suas opiniões sobre o sucesso do disco 'Harvest' e do compacto 'Heart Of Gold': 'Essa música me pôs na trilha do sucesso, mas logo isso se tornou entediante. As pessoas são mais interesantes'.
Depois de 'Decade', Young continuou seu magnífico trabalho no final dos anos 70 com o disco de 1979, 'Rust Never Sleeps'. Embora não quisesse retomar o veio comercial de 'Harvest', o LP era cheio de instigantes composições, inspiradas na nova energia punk. Seus álbuns, nos anos 80, quiseram
escapar à linguagem standard do pop. Eram mais explorações de um gênero em curiosas experimentações. O seu selo, Geffen Records, chegou a acusá-lo de não estar trabalhando para fazer álbuns viáveis comercialmente.
O fato é que Neil Young continuou vivendo sua vida enfurnado em seu rancho e estúdio no norte da Califórnia, saindo de lá apenas para turnês ocasionais e concertos informais. Esses valores incluiam uma preocupação com a família e os amigos, com problemas ecológicos e políticos. Young tem uma voz aparentemente frágil para o hard rock , mas é capaz de interpretar o rock com tom ideal para as músicas folk introspectivas, o que é familiar a uma cultura musical que preza os vocais de Fred Astaire e de Nat King Cole."
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