Se eu fosse escolher o melhor livro que já li na vida, teria muita dificuldade para indicar um em especial, mas se essa tarefa fosse obrigatória, creio que Ulysses, obra-prima de James Joyce seria o escolhido. O livro é simplesmente genial, inexplicável, tamanha é a originalidade na forma em que ele conduz a narrativa, que se passa num único dia, ao longo de mais de 900 páginas (na versão que li, traduzida por Antônio Houaiss).
Ulysses teve à princípio muita dificuldade em ser publicado - várias editores recusaram a obra - mas a obra genial de Joyce, teve sua primeira edição em 1922, e daí pra frente virou história, um marco na literatura mundial, sendo inclusive eleito o melhor livro de língua inglesa do século XX.
Nascido em Dublin, em 2 de fevereiro de 1882, Joyce abandonou seu país natal aos 22 anos, para nunca mais voltar. Estabeleceu residência em Zurique, na Suíça, onde escreveu sua rica obra literária. Lá viveu uma vida calma e serena, em contraste com sua obra, que sempre narra fatos espetaculares e inusitados. Segundo seu maior biógrafo, o inglês Richard Ellman, Joyce era caseiro, mais parecendo um jogador de baralho do que um gênio literário. Gostava de cantar com sua voz de barítono, apreciava piadas, e depois de alguns goles de vinho branco, que ele muito apreciava, costumava arriscar passos desajeitados de uma dança, que seus amigos mais próximos, denominavam de "dança da arara".
Em 1939 Joyce publicaria outro clássico literário, e seu livro de leitura mais difícil: Finnegans Wake. Alguns até consideram sua leitura e compreensão impossíveis. Sua linguagem é hermética e radical a ponto de ter personagens transformados em símbolos geométricos e o sentido estilhaçado em cacos de línguas diversas. Com seu humor sempre corrosivo, Joyce afirmou na época da publicação de Finnegans Wake, que havia escrito a obra para que os críticos tivessem trabalho "pelos próximos 300 anos".
Joyce morreu em 13 de janeiro de 1941, em consequência de uma úlcera duodenal perfurada e peritonite aguda, em Zurique. Sua obra continua viva, reconhecida e aclamada, e sempre estudada, analisada e discutida. Coisas que só os grandes gênios conseguem.
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