Em fevereiro de 1972 David Bowie apresentava ao mundo do rock um personagem que ele passou a encarnar, e causaria grande estardalhaço no show-bizz. Ziggy Stardust, um androide andrógino futurista, vestido com roupas extravagantes, com direito a botas de salto plataforma, cabelos cor de laranja, rosto maquiado e atitudes espalhafatosas no palco. Nascia ali o gliter-rock que tinha em Bowie sua principal figura.
Seu álbum "The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars" trazia um rock visceral, com composições de forte impacto e uma banda com muita energia, onde se destacava a guitarra certeira de Mick Ronson. Ziggy Stardust logo seria considerado o que de mais criativo e impactante surgiu no mundo do rock naquele início de década.
Esse não seria o único personagem encarnado pelo inquieto Bowie. Após mais de um ano vivendo Ziggy pelos palcos do mundo, ele próprio anunciou em um show realizado em 3 de julho de 1973, que aquela seria a última encarnação de seu alter ego, para em seguida cantar "Rock'n Roll Suicide", uma balada que fala de desespero e solidão, como um epitáfio para Ziggy.
Os personagens que Bowie criava para si (daí sua denominação de "camaleão") atraíam para si a mídia, sempre na expectativa de algo novo. Um novo personagem, Thin White Duck de "Station To Station" também causaria muita polêmica, ao fazer uma saudação nazista para o público em Londres.
Ao abandonar anos depois seus personagens, e assumir sua própria imagem, Bowie se diria aliviado, embora seu lado de ator acabasse sendo desenvolvido em personagens que encarnou no cinema, em filmes como "O Homem Que Caiu na Terra", "Furyo - Em Nome da Honra", "Fome de Viver" e "Labirinto", além de ter interpretado nos palcos teatrais o personagem Homem-Elefante.
Pode-se dizer que Bowie encarnou a própria revolução no rock. Além do estilo gliter, inventou a "plastic soul" para adaptar a música negra aos ouvidos brancos, também fazendo incursões pela música eletrônica, definida numa trilogia formada pelos álbuns "Low", "Heroes" e "Lodger", que teve como parceiro Brian Eno. Já nos anos 80, Bowie alcançaria seu maior sucesso comercial, o álbum "Let's Dance", que embora não muito bem recebido pela crítica, talvez por não trazer nenhum diferencial sonoro tão habitual em sua carreira, projetou a carreira de Bowie em termos de popularidade e sucessos radiofônicos, na faixa título e "China Girl".
A verdade é que David Bowie como astro do rock soube como poucos usar sua imagem, inovar e criar caminhos e vertentes, sempre com ousadia e talento.
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