Em 1987, Sting, que após o fim do Police formaria uma superbanda e partiria em carreira solo, passaria pelo Brasil, e faria um mega-show no Maracanã, para um público de cerca de 150 mil pessoas. O músico já tinha uma ligação com o nosso país, através da música brasileira, que ele apreciava - era fã de Tom Jobim, e tinha planos de fazer parcerias com Milton Nascimento ("Conheço Milton há muito tempo e tenho vontade de trabalhar com ele há muito tempo também", disse em entrevista na época). Além disso, ele até havia composto uma música com letra em português (Fragile).
Aquela não tinha sido a primeira vinda de Sting ao Brasil. Em 1982 o Police, ainda uma banda não muito conhecida, havia vindo ao Brasil e tocado no Maracanâzinho, no Rio (não me lembro se tocou em outras cidades), e nem seria a última, Sting inclusive, anos depois iria abraçar a causa das populações indígenas brasileiras, ficando amigo do cacique Raoni. Ele também voltaria a tocar por aqui em uma nova reunião do Police anos mais tarde.
A vinda de Sting ao Brasil foi cercada de grande expectativa, já que seu primeiro disco solo, Bring Of The Night, fazia um grande sucesso mundial. Lembro que a Globo chegou a passar uma reprise do show em horário nobre, numa segunda-feira. Na ocasião do show a revista Roll, que ao lado da Bizz era especializada em rock, fez uma resenha, assinada pelo jornalista Manolo Gutierrez. Eis a matéria:
" Foi o maior acontecimento musical do ano. Desta vez, os cariocas tiveram o privilégio de assistir ao kick-off da excursão de Sting. Privilégio este que os parisienses tiveram por ocasião do debut de Bring On The Night, no final de 86. Mas Rio de Janeiro não é Paris, e o evento veio precedido dos problemas habituais da cidade maravilhosa. O ônibus que levava Sting quebrou a caminho do estádio, obrigando o músico inglês e sua troupe a pegar uma carona na kombi de uma equipe da TV francesa. Com a grande afluência do público e o ônibus quebrado num lugar crítico do caminho para o Maracanã, o trânsito do centro da cidade tornou-se um verdadeiro caos, dificultando a chegada do público ao estádio. Mais de 150 mil pessoas aguardavam o esperado show de Sting com ansiedade quando, exatamente às 21:50, vestindo terno branco, Sting subiu ao palco e atacou 'Lazarus Song', levando a galera ao delírio total.
Apesar das boas vibrações no palco e fora dele, dava pra sentir que a banda ainda está esquentando, especialmente na parte percussiva, onde Delmar Brown e Mino Cinelu atravessaram por várias vezes. O show prossegue e Sting confirma seu carisma. Apesar de ser um inegável 'boa pinta', Mr. Gordon em momento algum abusa de seus dotes físicos para cativar a audiência. Seu estilo é simpático mas contido; em momento algum ele se entrega totalmente. Na banda, destaque absoluto para as teclas de Kenny Kirkland, ponto de equilíbrio dessa Sting Band. Mas nem tudo foram flores. Se é certo que o alto astral da massa dançando em todo o estádio foi um espetáculo à parte, não se pode deixar de dizer que esse não era um show para Maracanã. À certa altura do espetáculo, as pessoas começaram a se cansar e com razão. A música de Sting prima pela elaboração e preciosismo. Submetida ao desconforto natural do local, muita gente, que foi esperando se balançar ao som do Police, quebrou a cara e não entendeu nada. A nível técnico, somente um porém em relação ao som: bem equalizado, mas muito baixo. A organização esteve bastante bem e o Maracanã cantou com Sting antigos sucessos do Police, como 'Spirits in The Material World', 'Roxane', 'Don't Stand So Close To Me' e 'Message In A Botlle' (no encore). De sua fase solo, 'They Dance Alone' e 'Little Wing' emocionaram os cariocas, que confirmaram que não há nada como Sting... Volte quando quiser."
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
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Ainda por cima o cara era belo.
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