segunda-feira, 21 de maio de 2012
Som Imaginário de Peito Nu
O Som Imaginário é uma banda lendária. Formada para acompanhar Milton Nascimento, o grupo trazia músicos do mais alto quilate em sua formação. Tendo como principal componente Wagner Tiso, que além de aranjador tocava piano e teclados, o Som Imaginário, em suas várias formações trazia Luiz Alves no baixo, Frederiko (ou Fredera), na guitarra, Roberinho Silva na bateria, Tavito, na guitarra, Zé Rodrix, nos teclados e flautas, Nivaldo Ornelas, no sax e flautas, Jamil Joanes, baixo, Paulinho Braga, bateria além de Toninho Horta, que participou de uma das formações, em 76, como se pode ver na foto abaixo.
Em setembro de 76 o Jornal de Música trazia uma excelente matéria com a banda, assinada pela jornalista Ana Maria Bahiana. Na extensa matéria, a história do Som Imaginário era contada, com depoimentos de vários de seus componentes, e falava da importância da banda na carreira de Milton Nascimento, e no trabalho deles, desvinculado da careira de Milton. Na época o Som Imaginário tinha seis anos de criação e várias formações, e já havia lançado seus três fundamentais discos, além da participação em álbuns de Milton Nascimento como seu grupo de apoio. eis alguns trechos da longa matéria:
"Um conjunto? Nem tanto. Antes um celeiro de músicos notáveis, um foco de talentos, uma escola de instrumentistas, um liceu de artes & ofícios, uma academia de danças e manhas. Ainda hoje, após seis anos de lutas em comum, caminhos e desvios, seus integrantes têm dificuldade em se situarem como grupo: 'Está tudo meio vago, não é? Tudo meio parado, agora, por problemas de viagem', como o sax/flautista Nivaldo Ornelas confessou a Liana Fortes: 'o Paulinho vai para os Estados Unidos, o Wagner está vai não vai, então o Som Imaginário vai retornar só no ano que vem, eu acho."
Wagner Tiso - teclados, arranjos, muitas ideias mu8sicais - é o esteio, o sobrevivente, mas ele mesmo disse: 'O que nos falta é a continuidade, que se torna muito difícil nas nossas condições. Mas quando parece que tudo está parado, eu acordo enfezado, ligo o fone pra todo mundo e a gente recomeça.'
No começo havia um vendedor de sapatos chamado José Mynssen. 'A gente ia muito ao Sachinha's e ele também. Ele conversava muito com a gente, aparecia por lá com uns sapatos pra vender. Ele sempre dizia pra gente que queria fazer um show. 'A gente, pela narrativa de Wagner, era ele mais Luiz Alves (baixista) e Robertinho. Wagner teria sugerido um show com Milton Nascimento e, da reunião acidental em estúdio (onde o trio gravara a trilha do filme Os Deuses e os Mortos) com Zé Rodrix ('que começou a dar umas canjas numas flautas, nuns ritmos') e o percussionista Laudir de Oliveira surgiu a banda para o show.
Zé Rodrix tem uma versão diferente do nascimento do Som: 'A célula básica do Som saiu da cabeça de um cara chamado José Mynssen. Ele foi produzir um show pro Milton e nessa época a gente era muito amigo. E o Som começou comigo e o Tavito, nós dois estávamos morando juntos. Aí nós saímos lá pelo Leme e buscamos o Wagner, o Luiz e o Robertinho, que tocavam juntos na época. Ficou faltando um percussionista e nós pegamos o Laudir, que estava num período de férias. Ele tinha vindo dos EUA e ia voltar pra lá pra tocar novamente com o Sérgio Mendes, mas resolveu trabalhar com a gente. Então o Som foi feito assim.
Em uma coisa todos concordam: que a estreia foi na sexta-feira santa de 1970. E todos se lembram bem: eram jovens, livres, inflamados e adoraram estar ali no palco tocando sem camisa. 'Todo mundo gostou', Wagner recorda: 'Éramos todos muito jovens, todos tocando sem camisa.' E Zé Rodrix acrescenta: 'Nós fomos o primeiro grupo a tocar de peito nu neste país.'
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E fizeram história.
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