domingo, 13 de maio de 2012
É Campeão!
Mais um título do Fluminense. Mais uma vez o time se mostrou eficiente em partidas decisivas, anulando as jogadas de ataque do Botafogo, que iniciou a partida com toda disposição, já que uma vitória de no mínimo três gols de diferença, que levaria a decisão para os penaltis era o único resultado que interessava ao alvi-negro. Na verdade o título foi ganho na primeira partida, quando a goleada por 4X1 que o Flu impôs praticamente definiu o campeonato.
Uma derrota por até dois gols de diferença já daria o título ao tricolor, mas um título comemorado com derrota não tem o mesmo sabor, e a vitória seria a melhor forma para se soltar o grito de campeão. Numa bola cruzada pela esquerda por Carlinhos, o mesmo jogador que deu o passe para o gol da vitória do último título do clube, o Brasileiro de 2010 (gol de Emerson), Rafael Moura desviou a bola para o fundo das redes. Jogando com o ataque reserva, mas que poderia ser titular não fosse Fred e Wellington Nem em grande forma, o Flu mostrou que um bom elenco precisa de um banco de reservas que mantenha a qualidade da equipe.
Ao lembrar dos títulos estaduais me vem à memória o primeira título que vi o Fluminense ganhar, em 1969, quando aos nove anos vi o Fuminense vencer o Flamengo por 3X2, numa partida emocionante, que acompanhei pelo rádio, na casa de minha tia. O Flu fez 1X0, o Fla empatou. O Flu fez 2X1, o Fla empatou, e finalmente a vitória por 3X2 veio nos pés de Flávio, conhecido como o "Minuano", relativo ao vento que varre o território gaúcho, já que Flávio é do sul. Vendo imagens daquele Fla X Flu pelo Canal 100, que era um tipo de documentário que se fazia dos jogos dos campeonatos estaduais, e que passava nos cinemas antes dos filmes, aparecia a figura do presidente Médici, que apesar de ser um ditador cruel e sanguinário, gostava de passar uma imagem populista, torcedor do Flamengo e do Grêmio de Porto Alegre. Quando vi aquelas imagens fiquei imaginando que aquela derrota do Flamengo, contrariando nosso ditador nas tribunas de honra, é como se simbolicamente fosse uma forma de também contrariar a ditadura. Logicamente, o Flamengo nada tem a ver com a ditadura militar, mas só de imaginar aquele general filho da puta e calhorda voltando pra casa contrariado até hoje me dá uma espécie de felicidade.
Lembro de ter lido uma crônica de Nelson Rodrigues, memorável como tantas outras, exaltando a vitória tricolor, e em uma daquelas tantas expressões que o maravilhoso Nelson criou, ele dizia: "Essa vitória já estava escrita há dez mil anos". Eu, uma criança de nove anos, sem ainda entender o espírito rodrigueano, embora gostasse de ler suas crônicas esportivas, pensei comigo: "Então ele já sabia que o Fluminense ia ganhar".
Todos os títulos estaduais têm um sabor especial para mim, e sempre acabo me lembrando daquela alegria que tomou conta daquele menino que fui, e que já sentia um amor especial pelo Fluminense. Lembrar dos títulos que acompanhei na minha infância, e dos jogos que ouvia aos domingos junto a meu avô, que era torcedor do América, é como recordar dos natais da infância, que são mais bonitos. Hoje me permito ser criança novamente, e vibrar com mais um título. É bom olhar a bola balançando as redes como o olhar de criança, e gritar novamente: "É campeão!
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