Os anos 70 foram o melhor período para o rock brasileiro, embora não tenha sido o de maior projeção para as bandas em atividade, o que aconteceria na década seguinte. Dentre as várias bandas que se destacaram naquelas anos, O Terço era uma das melhores. Em setembro de 1975 a revista Pop trazia uma matéria sobre a banda, que estava lançando o disco Criaturas da Noite, um dos grandes discos de rock brasileiro de todos os tempos. Um texto em destaque dizia:
"Quando uma canção faz o público de um show ou de um festival dançar e cantar junto com os caras da banda, é porque essa canção tem alguma coisa especial. E Hey, Amigo, do Terço, é uma canção especial: mesmo antes de ser lançada em disco, já era uma espécie de hino da nova geração rockeira do país. Agora registrada em LP, a música do Terço vai correr o mundo. O disco será lançado em toda a América do Sul, Europa e Estados Unidos. É rock do Brasil para o mundo."
Realmente as música Hey Amigo, um dos clássicos da banda já era conhecida antes de ser lançada em disco. Eu já a conhecia de uma apresentação na tv, e sabia da força da canção. Uma curiosidade é que Flávio Venturini é chamado de Flávio Alterosas. Abaixo a matéria:
"Para O Terço, chegou a hora da verdade. Depois de seis anos de dura batalha na escorregadia estrada do rock brasileiro, o grupo arrebanhou um público fiel, desenvolveu um trabalho vigoroso, conquistou muito prestígio e, o que é muito importante: colocou a canção Hey, Amigo nas paradas de sucesso, logo após o lançamento do LP Criaturas da Noite.
Não é para menos. Desde o ano passado, quando os caras do Terço começaram a correr o Brasil com seu show de rock elaborado e fluente, cada apresentação transformava-se numa festa alegre e descontraída. No fim de cada show, quando o baixo de Sérgio Magrão chama os acordes de Hey, Amigo, o público levanta das cadeiras e sai dançando, cantando a letra de cor e transformando a música numa espécie de hino da nossa nova geração rockeira.
Ao mesmo tempo que sedimentavam essa posição privilegiada junto ao público, através da apresentações impecáveis, os quatro caras (Sérgio Hinds, guitarra; Flávio Alterosas, teclados; Sérgio Magrão, baixo; Luis Moreno, bateria) do conjunto começavam a se preocupar com o registro, em disco, desse trabalho. E partiram para uma jogada corajosa e pioneira, que chegou mesmo a entravar os negócios com algumas gravadoras: a gravação por conta própria. Durante cerca de seis meses, apoiados pelo maestro Rogério Duprat, os caras do Terço produziram seu disco. Tudo foi feito por eles - desde a seleção das músicas e a elaboração de arranjos até a gravação final. Com a fita pronta, começaram a percorrer as diversas gravadoras. E ouviam sempre a mesma resposta: 'O nível do trabalho é excelente, talvez seja o disco de rock mais bem produzido do Brasil. Mas infelizmente...'
'A gente começou a achar que nosso tabalho estava sendo boicotado', diz Sérgio Hinds. 'Afinal, o lançamento do nosso disco abre um precedente. É o primeiro LP de rock brasileiro totalmente produzido pelo próprio grupo, sem interferência de gravadoras.'
No fim, pintou a gravadora Copacabana, que, além de pagar os custos da produção, preparou outra jogada para O Terço: o lançamento de Criaturas da Noite no mercado internacional.
Isso, em princípio, pode parecer ousadia: afinal, como competir no exterior com um produto (o rock) que os gringos fazem e exportam tão bem? A isso os caras da gravadora contrapõem a experiência conquistada em trabalhos com Morris Albert, Benito Di Paula e outros brasileiros que já fazem sucesso no exterior. E, como dizem os próprios caras do Terço, 'se o rock alemão invadiu o mundo, por que o rock brasileiro não deve tentar? Nosso trabalho é sério, elaborado e profissional. E rock, todo mundo sabe, é uma linguagem universal, sem fronteiras.' "
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