Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 14 de julho de 2021

O Acid-Rock do Jefferson Airplane

O Jefferson Airplane foi uma banda americana totalmente identificada com o acid-rock, uma variante do rock surgida na cena hippie e psicodélica de São Francisco, na Califórnia. Pode-se dizer que junto ao Grateful Dead, o Jefferson Airplane seja o maior representante do rock psicodélico americano dos anos 60 e 70. Participou de importantes festivais dos anos 60, como Monterey Pop, em 67, e Woodstock e o mal sucedido Altamond em 69, e tinha na voz e presnça de palco de sua vocalista, Grace Slick, uma de suas mais importantes marcas. Ao longo dos anos, a banda continuou seguindo sua trajetória, após a dissolução de sua formação clássica, mas aquele período marcante dos anos 60 e início dos 70, é que fez do Airplane uma das bandas mais marcantes daquele período do rock. A série de fascículos que saíram em bancas de jornais nos anos 90, As Feras do Rock, traz um capítulo dedicado ao Jefferson Airplane, que abaixo reproduzo:
“Seguir minunciosamente a saga do Jefferson Airplane, desde a sua formação em 1965, até a sua reaparição no final dos anos 80, é um complicado trabalho, já que somente a enumeração de todos os integrantes que passaram pelas diversas formações do grupo, ocuparia várias páginas deste texto. Integrado plenamente à corrente psicodélica dos anos sessenta, o Jefferson Airplane se destacou entre os grupos da época por sua formidável combinação de talentos individuais, que enriqueciam e diversificavam o som do grupo. Marty Balin, o principal impulsor da banda, conseguiu divulgar rapidamente o nome do The Jefferson Airplane entre os espectadores do Filmore Auditorium de São Francisco. Seu primeiro disco, Takes Off (1966), foi um sucesso relativo, que entre outras coisas, serviu para que a vocalista Signe Anderson fosse substituída por Grace Slick. Esta, além de contribuir com a sua notável voz, deu ao grupo duas músicas que faziam parte do repertório da banda com a qual cantava anteriormente, ‘White Rabbit’ e ‘Somebody To Love’. A combinação do universo surrealista de Lewis Carrol com a visão alucinógena de Timothy Leary, perfeitamente conciliados em ‘White Rabbit’, passou a ser uma das principais características da banda, e o álbum Surrealistic Pillow (1967), que continha esta música, foi o empurrão decisivo para a banda.
A apresentação do Jefferson Airplane no festival de Monterey, em 1967, o lançamento dos discos After Bathing At Baxters (1967) e Crown Of Creation (1968) consolidaram a reputação do grupo, que atingiu o auge com o potente álbum ao vivo Bless Its Pointed Little Head (1969) e com a participação da banda em outro acontecimento histórico da década, o festival de Woodstock. Infelizmente, um triste incidente ocorrido em Altamont naquele mesmo ano – um grupo dos Hell’s Angels assassinou um espectador e agrediu Marty Balin – marcou o início do processo de desintegração do Jefferson Airplane. Dryden e Balin resolveram abandonar a banda, enquanto Casady e Kaulen iniciaram um projeto paralelo ao seu trabalho com o grupo, com o nome de Hot Tuna.
Nem Bark (1971), nem Long John Silver (1972) ou ainda o álbum ao vivo Thirty Seconds Over Winterland (1973), chegaram ao mesmo nível dos anteriores discos do Jefferson Airplane, que desapareceu por um longo período para ressurgir com novas energias quase duas décadas depois, com 2400 Fulton Street (1989), embora esse renascer não tenha sido acompanhado por muita gente.
Por outro lado, Paul Kantner, um fanático por histórias de ficção científica, quando intuiu que o aeroplano começava a perder altura, criou a sua própria nave espacial, disposta a alcançar fronteiras inimagináveis. O primeiro teste de lançamento não podia ter sido mais promissor, pois Blows Against The Empire (1970) – assinado por Paul Kantner & The Jefferson Starship – não apenas se aventurou em temas conceituais, como também conseguiu uma nomeação para o famoso prêmio Hugo de ficção científica! Após oficializada a ruptura do Jefferson Airplane, Kantner continuou no comando do seu mutável grupo – Starship, Jefferson Starship, Starship Jefferson, KBC Band -, gravando discos bastante ambiciosos e cada vez menos interessantes: Dragon Fly (1974), Red Octopus (1975), Earth (1978), Freedom At Point Zero (1979), No Protection (1987) e Love Among The Cannibals (1989).”

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