Palavras Domesticadas

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sábado, 3 de julho de 2021

Cinco Minutos com Egberto Gismonti (O Globo - 1986)

A seção Rio Fanzine, que era publicada semanalmente aos domingos em O Globo, tinha um tópico intitulado “Cinco Minutos com...”, em que era destacado um nome ligado à arte e cultura, que concedia uma entrevista curta (daí os “cinco minutos”) em que eram feitas perguntas sobre assuntos gerais. Em sua edição de 07/09/86 o nome destacado foi o músico Egberto Gismonti, às vésperas de participar de uma edição do Free Jazz Festival. A curta entrevista recebeu como título “Tudo junto: flauta, piano, computador”: “Ainda recolhido nos ensaios do que viria a ser sua apresentação de abertura do Free Jazz aqui no Rio – sua homenagem, ao vivo, a Villa Lobos Egberto conversou rapidinho com Carlos Albuquerque sobre preferências, estilos, manias, futuro...
-Você que já rodou o mundo todo, responda: qual a melhor cidade para se tocar? - Bom, como eu sou comodista, a cidade em que eu mais gosto de tocar é o Rio porque a minha casa está sempre perto do teatro. - Você sempre manejou bem a tecnologia, passeando com a mesma tranquilidade por sintetizadores e cítaras. Você está namorando algum novo instrumento? - No momento não tenho nenhum novo instrumento, já que estou a fim de juntar os sintetizadores com as cítaras, os violões com as flautas, os pianos com os computadores etc etc etc...
- Depois da obra de Villa-Lobos, revista e atualizada, o que vem por aí? - Depois do ‘Trenzinho Caipira’ só posso falar em outubro, já que até lá o novo projeto estará pronto para ser lançado. Sei que será uma continuação dessa viagem brasileira que tenho feito nos últimos anos. - Existe alguém no festival que você tenha vontade, ou uma curiosidade especial, de ver? - Gostaria de encontrar todos os amigos, diretos ou não. Não somente no Festival mas sempre.
- Quais livros têm ocupado sua cabeceira ultimamente? E o que você tem ouvido? - Estou lendo ‘A Lógica do Sentido’, de Giles Deluze, ‘Nossa Senhora das Flores’, de Jean Genet, e, para não perder o hábito, a prosa de Fernando Pessoa. Tenho ouvido muita música brasileira feita por compositores, músicos e cantores brasileiros que ainda não tiveram a oportunidade de gravar profissionalmente mas que, felizmente, mandam fitas para a Carmo (a gravadora independente de Egberto, NR). Escuto, fora isso, os discos de Joyce, Paulinho da Viola, Caetano, Gal e outros amigos. - Como você se distrai, como se sente bem? - Bem, em casa ou no palco, eu me sinto bem é num jeans velho e surrado, numa camisa com o cheiro certo e num tênis já muito rodado. E o cadarço do tênis para amarrar o cabelo.”

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