Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 10 de junho de 2015

George Clinton, O Profeta do Funk

A música negra americana trouxe balanço, swing e uma batida contagiante para o mundo da música. O funk, como ritmo e vertente da black music produziu vários astros que trouxeram uma energia contagiante, e fez surgir uma nova forma de dançar e se ligar numa nova batida. Muitos nomes se destacaram nessa vertente, como James Brown, Sly & The Family Stone, The Commodores, Herbie Hankock (um músico de jazz que também produziu funk), Tower of Power, Eart, Wind & Fire, etc. Mas não se pode esquecer de citar em qualquer lista de grandes nomes do funk as bandas Funkadelic e Parliament, ambas lideradas por George Clinton, que influenciaram uma série de outros músicos mais jovens.
O livro "As Feras do Rock", que saia em fascículos em bancas de jornais no final dos anos 90, dedica um capítulo a Clinton. Na introdução do texto é destacado:
"No princípio existia o Funk, e George Clinton era o mais sábio e atrevido dos seus profetas. Clinton e os seus sucessivos clones: Parliament, Funkadelic, etc, foi o mais radical e iconoclasta dos filhos da nação funk, como também o mais criativo e persistente. O seu trabalho sobrevive atualmente na obra de Prince e das últimas gerações do rap."
Abaixo o texto falando de George Clinton:
"Filho mais velho de uma família de nove irmãos que vivia no limite da miséria, George Clinton passou a sua infância perambulando por várias cidades, até a sua família se estabelecer em Netwark, Nova Jersey. Nessa cidade, formou a sua primeira banda de doo-woop em 1956, a The Parliaments, ao mesmo tempo que trabalhava como cabeleireiro e traficava com drogas em pequena escala. Depois de gravar algumas músicas que passaram desapercebidas, Clinton e o The Parliaments tentaram entrar para a Motown, onde foram rejeitados por Berry Gordy porque se pareciam muito com o The Temptations. Apesar disso, George compôs durante um certo tempo para a editora de Gordy, a Jobete Music, e algumas das suas músicas chegaram até a ser gravadas pelo The Jackson Five e Diana Ross & The Supremes.
Em 1967, o The Parliaments foi contratado pelo selo Revilot, de Ed Wingate, onde estreou com o compacto ' I Wanna/ Testify', entrando para as paradas de rhythm & blues. Mas, certos problemas contratuais com a Revilot e a Motown no final da década, impossibilitaram o grupo de continuar usando o seu nome. Clinton então decidiu diversificar as suas propostas musicais e continuar trabalhando com  a mesma banda em duas gravadoras, mas usando nomes diferentes. Em 1970, foi contratado pela Westbound como Funkadelic e pela Invictus, de Holland, Dozier & Holland, como Parliament, gravando respectivamente os álbuns Funkadelic e Osmium, os primeiros trabalhos de nova religião P-Funk.
De 1970 a 1975, Clinton e Funkadelic produziram um grande número de discos debochados, delirantes, cujos títulos justificam seus próprios conteúdos - Free Your Mind...And Your Ass Will Follow, Maggot Brain, Cosmic Slop, Let's Take It To The Stage, etc. Logo depois, teve certos problemas legais com o chefão da Westbound e foi contratado pela Warner, onde gravou umas das grandes obras-primas do rock negro de todos os tempos, o LP One Nation Under A Groove (1978). Ao mesmo tempo, ressuscitou o The Parliaments, que estava às moscas desde a sua estreia pela Invictus, gravando para o selo Casablanca uma impressionante série de discos que ainda hoje estão entre os melhores do funk psicodélico: The Mothership Connection (1976), The Clones Of Dr. Funkstein (1976), Funkentechy Vc. The Placebo Syndrome (1977) e Motor Booty Affair (1978). Esses discos tão brilhantes quanto demolidores, com  a presença de grandes talentos como o guitarrista Eddie Hazell e o tecladista Bernie Worrell, deram forma ao movimento P-Funk e a toda uma nova maneira de entender a música, as relações artísticas e os shows ao vivo. Mas, no final dos anos 70, as coisas começaram a tomar um rumo completamente diferente. Clinton estava cada vez mais dependente da cocaína e do crack, alguns dos seus músicos o abandonaram e a Polygram, que tinha comprado o selo Casablanca, e a Warner decidiram acabar com o seu contrato. Parecia o fim da sua carreira, mas em 1982 ressurgiu das cinzas com  o álbum solo Computer Games e a música 'Atomic Dog'. Desde então, não tem parado de trabalhar e se converteu em uma das referências básicas da cultura hip hop e no protegido mais ilustre de Prince, com discos tão famosos como R&B Skeletons In The Cinderella Theory (1989) e Hey, Man, Smell My Finger (1993)."

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