Nos anos 70 o rock progressivo vivia o auge de sua popularidade, e dentre as bandas do gênero, uma das mais populares era o Yes. Em junho de 74, a revista Pop trazia uma matéria sobre a banda, que estava lançando o álbum Tales From Topographic Oceans. Com o título de "Os Feiticeiros do Rock" a matéria dizia "Eles vivem à procura da perfeição, misturando jazz, clássico e pop. O resultado é um som incrível e místico". Assim era definida a música do Yes, e suas variações sonoras, bem típicas do som progressivo que faziam. Abaixo a reprodução da matéria:
"Foi como uma revelação mágica: o líder do Yes, Jon Anderson, num quarto de hotel em Toquio, folheava a autobiografia de um iogue e achou quatro escrituras que abrangiam todos os aspectos da vida. Excitado, visualizou ali as bases de uma composição longa que queria escrever há muito tempo. Cada escritura era como um movimento de um concerto. Chamou o guitarrista Steve Howe e os dois começaram a a passar as noites em claro enquanto a excursão os levava do Japão para a Austrália e dali aos Estados Unidos. Durante todo o ano passado, o Yes viveu esse clima de criação e trabalho. E o resultado foi o álbum Tales From Topographic Oceans, que teve o mesmo sucesso dos LPs anteriores: os primeiros lugares nas paradas de sucesso dos grandes centros de música pop.
Em Tales From Topographic Oceans (lançado aqui no mês passado), as encucadas letras de Jon Anderson - um feiticeiro das palavras - mostram que 'a vida é uma luta entre os mananciais do diabo e o amor puro', que se desenvolve nos quatro movimentos desse tremendo concerto pop, interpretado com a força e a dignidade que caracterizam o Yes desde a sua explosão em 1971, com The Yes Album e Fragile. Nesses dois LPs estava claro que o grupo andava à procura da perfeição. E essa busca chega a ser obsessiva. Tanto que Rick Wakeman, quando se juntou ao grupo para substituir Tony Kaye nos teclados, chegou a ficar assustado. Faltava apenas uma semana para a gravação de Fragile e a turma vivia discutindo furiosamente os arranjos. Nas sessões de gravação, as brigas esquentavam. E Wakeman, com mulher e filho pra sustentar, foi perguntar a Anderson o que estava acontecendo, se o grupo ia se dissolver e ele ficar na mão. O líder do Yes respondeu que isso era comum, fazia parte do trabalho deles.
Aí, Rick Wakeman ficou tranquilo, tão à vontade que em pouco tempo estourou como o melhor solista de teclados da música pop. E emplacou o maior sucesso com seu primeiro álbum-solo, As Seis Esposas de Henrique VIII. No mês passado ele lançou em Londres seu segundo disco, Viagem ao Centro da Terra. A patota do Yes não se grila com o sucesso individual de Rick. Pelo contrário, isso é mais uma prova que o conjunto reúne o que há de melhor na música pop. São caras que podem muito bem estourar sozinhos., mas também sabem criar juntos um som puro, uniforme, bem elaborado, sem estrelismos. Rick Wakeman conta: 'Antes de entrar para o grupo, tudo o que eu fazia era na base do solo. No Yes, a música tinha arranjos elaborados e eu tive que aprender a me integrar no conjunto. E descobri que, às vezes, tocar vinte por cento da melodia é mais importante do que tocar cem por cento'.
Essa parece ser a chave do som do Yes: uma mistura incrível de tendências passadas pelo coador do bom gosto e da elaboração. E os próprios caras do grupo revelam isso. Steve Howe, guitarrista líder e autor de quase todas as músicas, diz que é uma espécie de filho musical de Bob Dylan. Chris Squire, do contrabaixo, é ligadão em Paul Simon. Rick Wakeman, mágico dos teclados, não esconde sua formação clássica. Alan White, baterista, mistura influências do jazz com Beatles. E Jon Anderson, vocalista, autor das letras e a grande cuca do Yes, atribui tudo o que sabe a 'dez anos de estrada'."
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