Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Os 50 Anos de Lançamento do Disco Getz/ Gilberto

Há 50 anos era lançado um álbum histórico, e que obteve uma grande repercussão. Em 1962, quando a Bossa Nova se consolidava como um fenômeno mundial, conquistando a nata do jazz, o saxofonista americano Stan Getz se juntou a Tom Jobim e João Gilberto para gravar um álbum pelo prestigioso selo Verve, que ajudou a divulgar ainda mais o ritmo brasileiro no mercado internacional. O disco Getz/ Gilberto ainda seria o responsável pelo lançamento da cantora Astrud Gilberto, na época casada com João, e que até participar das gravações do álbum, não pensava em seguir carreira como cantora. O álbum seria lançado em 1963, e logo chamaria a atenção da crítica internacional, que se encantara com a grande novidade qiue era a Bossa Nova, e ganharia quatro Grammys.
Em matéria sobre o disco, publicada no último domingo no jornal O Globo, o perquisador João Máximo diz:
"A importância do disco não ficou, porém, nos prêmios. Para Getz, foi um renascimento. Vivia má fase, quase não gravava e não escondia seu desencanto com o jazz nativo, inclusive pela literatura recente sobre o assunto, '... cada vez mais pomposa, complexa e chauvinista'. Conhecer João Gilberto foi  o estímulo para um espetacular recomeço. João tornou-se ainda mais João, agora gravando em condições técnicas mais adequadas à voz e ao violão, matrizes da Bossa Nova. Jobim partia para fazer, naquele ano, o disco com Claus Ogerman que chamou a atenção de Frank Sinatra para 'the composer of Desafinado', e lhe abriu definitivamente as portas do mercado americano."
Tom, Getz e João Gilberto
O sucesso internacional de The Girl From Ipanema começaria com esse disco, e depois a música ganharia várias interpretações, a ponto de ser umas das músicas mais regravadas em todo o mundo. A respeito dessa primeira gravção internacional o músico Charlie Byrd falou "O Stan toca como se estivesse tentando conquistar todas as mulheres da  praia de Ipanema".O crítico inglês John Lewis escreveu a seguinte resenha sobre o álbum Getz/ Gilberto:
"A paixão dos Estados Unidos pela música latina não era nova - ao longo do século 20, o tango, o chá-chá-chá, a rumba e o mambo tinham sido a trilha sonora de muitos bailes e jazz clubs do país. Nascido na Filadélfia e criado na Costa Oeste, o saxofonista Stan Getz gravou Jazz Samba, em 1962, como uma variação exótica de seu hard bop lírico, depurando os ritmos agitados do samba brasileiro até chegar a uma batida simples e sinuosa que se tornou conhecida como Bossa Nova.
Getz e Byrd se encontraram, involuntariamente, no topo de uma enorme onda internacional, quando a versão deles de 'Desafinado', de Tom Jobim, vendeu milhões de cópias. Ao contrário, porém, do que aconteceu com os que correram atrás desse bonde mais tarde, Getz não foi descartado como ilegítimo pelos brasileiros, mas reconhecido por pioneiros da Bossa Nova, como Baden Powell e o próprio Jobim.
Stan Getz era o único gringo em Getz/ Gilberto, acompanhado ao piano por Jobim (que tinha também tocado violão com Getz) e na bateria pelo brasileiro Milton Banana. Mas a verdadeira estrela era o violonista e cantor João Gilberto, o irritadiço purista da Bossa Nova que, com seu vocal monótono e hesitante e suaves batidas de violão, havia criado o gênero.
Astrud Gilberto
Reza a lenda que o produtor queria que parte de 'The Girl From Ipanema' fosse cantada em inglês. João não falava a língua e sua jovem  mulher Astrud se ofereceu para cantar um take. Seu vocal infantil e ofegante se tornou uma das performances definitivas do século 20 e as duas faixas em que ela canta - incluindo uma leitura da letra de  Gene Lees para 'Corcovado' - estão entre os vários destaques deste álbum. Um relançamento, em 1990, exclui a versão em 45 rpm das duas músicas."


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