Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Revistas Legais - A Vida de Nelson Gonçalves



Nelson Gonçalves, além de um cantor excepcional com uma voz privilegiada, viveu uma vida digna de um folhetim. Marcado por altos e baixos, derrotas e vitórias, e histórias de superação, Nelson encarnou como poucos na MPB a figura do boêmio. Frequentador de antros da malandragem carioca, numa época em que a hoje ressurgida Lapa, era o centro da boemia, de malandros, mulheres da chamada “vida fácil” , e marcada por histórias tão bem relatadas nas músicas que gravou, Nelson viveu e testemunhou tudo aquilo que tão bem interpretou. Por isso mesmo uma revista bem ilustrada, com fotos de várias épocas , e contando um pouco da história de sua vida é algo bem interessante. A Rio Gráfica Editora, aproveitando a enorme popularidade que o cantor sempre teve, embora sofresse um certo preconceito por parte de alguns, lançou essa ótima revista, acompanhada por um compacto duplo de vinil com quatro músicas. Sempre ouvi as músicas de Nelson Gançalves.

 Desde criança me acostumei a ouvir seus discos, já que minha mãe é uma grande fã, e até hoje ainda ouço algumas gravações em vinil que possuo. A citada revista não traz data, mas creio que seja de 1979, já que traz uma discografia completa em que o último disco é daquele ano. Nelson já tinha na época da revista, quarenta anos de carreira, portanto, o que não faltam são histórias, desde sua infância, quando saiu do sul para viver em São Paulo, até quando virou lutador de boxe e cantor, até experimentar a decadência quando se envolveu com o vício da cocaína, que quase o arruinou, e depois sua volta por cima. O compacto duplo da gravadora Som Livre, que acompanha a revista traz as músicas Nossa História (Jorge Costa e Paulo Machado), Vida Noturna (João Bosco e Aldir Blanc) numa interpretação magistral, Parece Que Foi Ontem (Sérgio Cabral e Rildo Hora) e Depois de 2001 (Adelino Moreira e Nelson Gonçalves). Adelino, por sinal, foi seu grande compositor, com inúmeros sucessos, como a emblemática A Volta do Boêmio. Nesse compacto, a música Nossa História foi fruto de um concurso promovido por sua gravadora junto à extinta Tv Tupi. Nelson é recordista de gravações, já tendo gravado mais de mil músicas. Quando estava próximo de completar sua milésima gravação, abriu-se um concurso para escolher a música que seria sua gravação de número mil. E a vencedora foi um samba-canção bem ao seu estilo, composta por uma dupla desconhecida de compositores. Infelizmente a profecia lançada na música Depois de 2001, parceria sua com Adelino Moreira, não se concretizou. A letra diz: “Só pretendo morrer depois de 2001/ E se Deus do céu quiser/ Sem inimigo nenhum”. Nelson morreria em 18 de abril de 1998.

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