Palavras Domesticadas

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domingo, 24 de outubro de 2010

A Morte de Luizz Ribeiro


Estou escrevendo esse texto ainda sob o impacto da morte de Luizz Ribeiro, um grande guitarrista, e um dos pioneiros do rock em Campos. Acompanho seu trabalho desde que era adolescente, ainda nos tempos da banda Lúcia Lúcifer. Era uma época de raras bandas de rock na cidade, e raros shows. O primeiro show de uma banda local que assisti foi da Lúcia Lúcifer. Eu tinha 16 anos, e já naquela época aquele jovem guitarrista me chamava a atenção. Depois daquele primeiro show assisti a muitos outros, com suas diferentes formações. Seu amor pela música que fazia e executava era visível. Os Avyadores do Brazyl, sua última banda já tocou em todos os espaços da cidade, muitas vezes sem cachê, só pelo prazer de tocar, de fazer sua guitarra falar por ele, de fazer seu público vibrar, sua música tomar o ambiente, e sair do palco sabendo que fez mais um grande show. Virei fã, e depois amigo. Talvez eu tenha sido a pessoa que mais shows de sua banda assistiu. Foram inúmeros, e as lembranças são muitas. Aquela guitarra era bem especial pra mim, e é triste saber que jamais irei ouvi-la ao vivo, como tantas vezes nesses últimos anos. Um câncer diagnosticado no ano passado o tirou do palco durante longos meses, mas a música foi mais forte, e ele e sua banda ainda tocaram por diversas vezes, com a mesma garra. Por conta de sua doença, em julho do ano passado foi prestado um belo tributo ao nosso guitarrista pioneiro, num grande show com várias bandas. Foi a maior homenagem que um músico da terra recebeu em vida, fato mais que merecido. Meses depois de receber aquela homenagem Luizz ainda voltaria a tocar, e fez vários shows, o último no mês passado, em Rio das Ostras. Quando escrevi meu primeiro romance, Chicletes & Prazer, que será lançado no mês que vem na Bienal do Livro de Campos, um dos personagens, o fantástico guitarrista Black Louis, foi inspirado nele, e por isso mesmo iria propor à organização do evento que os Avyadores tocassem no lançamento, mas ele partiu antes. Então fica aqui minha homenagem, com um trecho do livro, em que escrevi imaginando Luizz no palco:
“Black Louis naquela noite estava endiabrado. Sua guitarra só faltava falar em suas mãos. O baixo e a bateria também eram precisos e não deixaram em nenhum momento a peteca cair. A introdução de Hey Joe, de Hendrix, fez a plateia delirar, já imaginando a performance avassaladora que viria a seguir.”
Vai faltar você nos palcos. Um abraço, brother.

Um comentário:

  1. Pois é Márcio, há poucos dias estávamos na Rádio Sobrado conversando sobre o lançamento do livro e sobre a importante participação de Luizz, já que o "Nego Gato" faz parte da sua história (tanto na vida real como na ficção)..
    Grande perda...

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