Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Bicho - Revista Interessante dos Anos 70



Nos anos 70 era comum se lançarem revistas independentes, por pequenas editoras, que muitas vezes eram criadas somente para publicarem uma única revista. Esse segmento do mercado editorial era conhecido por "imprensa nanica". Nem sempre era fácil encontrar essas revistas nas bancas, já que essas pequenas editoras não tinham uma grande estrutura que permitisse uma distribuição maior. Dentre essas revistas, havia uma de humor e quadrinhos, chamada O Bicho, que circulou nos anos de 75 e 76. A revista era editada por um cartunista chamado Fortuna, e tinha vários colaboradores, com cartuns, tiras, ilustrações e quadrinhos. Possuo apenas três números, uma delas a que ilustra essa postagem, a de nº 8, que saiu em 1976. A capa destaca a quadrinização de uma música de Gilberto Gil, que ficou inédita por cerca de trinta anos, chamada Chiquinho Azevedo. Gil conta a história real de um garoto que estava se afogando, e foi salvo por seu baterista. A música foi composta na época em que Gil foi preso por porte de maconha em Florianópolis, na excursão dos Doces Bárbaros, e o baterista Chiquinho Azevedo também acabou sendo preso com ele. Gil só gravaria essa música já nos anos 90, no disco Quanta. A letra da música foi ilustrada por Zeluco, um artista, por sinal, que não me lembro de ter visto outro trabalho dele. A revista também traz um excelente ilustrador, chamado Lapi, que fazia imagens um tanto surreais, como na ilustração acima. Dentre outros colaboradores, O Bicho trazia os cartunistas Nani,o gaúcho Canini, Cláudio Paiva, Laerte, Luscar, Mariza (uma das poucas cartunistas femininas que conheci), além do editor, o cartunista Fortuna, que tinha como principal personagem Madame e Seu Bicho Muito Louco, que era um cachorro de madame, que vivia aprontando. Alguns outros cartunistas menos conhecidos também participavam da revista, em participações eventuais. Nesse número também há uma matéria com o cartunista Jaguar, mostrando cartuns do início de sua carreira. Infelizmente, como falei acima, a distribuição da revista não era das melhores, por isso nem sempre encontrava O Bicho nas bancas. Além desse número, tenho apenas mais dois, e hoje são itens importantes de meu acervo.

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