Sempre tive por hábito percorrer sebos de discos para encontrar preciosidades. Desde a época em que os discos de vinil eram o principal item de venda no mercado fonográfico eu sempre procurava por discos raros na seção de usados que algumas lojas tinham. Na época não havia tanta especulação como hoje em dia, embora em alguns sebos, certos discos serem vendidos a peso de ouro. Um disco raro e importante que encontrei ainda nos anos 80, e por um preço insignificante dado seu valor, é Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem, do Pessoal do Ceará, de 1973. O grupo era na verdade Ednardo, Rodger Rogério e Tetty. A gravadora Continental que se notabilizou nos anos 70 por produzir discos de artistas pouco comerciais e iniciantes bancou essa obra-prima. O Pessoal do Ceará não era um grupo, mas sim três artistas que se uniram e lançaram um disco coletivo em que mostravam seu trabalho de intérprete e composição. Dos três, Ednardo foi o que teve maior repercussão em seu trabalho, mas Rodger e a cantora Tetty também mostraram um grande talento. O disco inicia com Ingazeiras e Terral, ambas de Ednardo. Terral foi a composição mais marcante do disco, e que obteve maior repercussão, sendo a música que tornou o nome de Ednardo mais conhecido fora do nordeste. Em seguida, Cavalo Ferro, de Fagner e Ricardo Bezerra é interpretada pelo trio. Curta Metragem, excelente composição de Rodger, interpretada por Tetty vem em seguida. Falando da Vida e Dono dos Teus Olhos fecham o lado A .O lado B, assim como o lado A se inicia com duas composições de Ednardo: Palmas Pra Dar Ibope e Beira Mar. A poesia de Ednardo já era mostrada nesse primeiro trabalho. Beira Mar é um exemplo. Essa música já havia sido lançada, anos antes por Eliana Pittman, e no disco regravada pelo próprio autor com versos como “Na beira-mar/Entre luzes que lhe escondem/Só sorrisos me respondem/Que eu me perco de você/Você nem viu/A lua cheia que eu guardei/A lua cheia que esperei/Você nem viu/Você nem viu/Viva o som, velocidade/Forte, praia, minha cidade/Só o meu grito nega aos quatro ventos/A verdade que eu não quero ver...”. Duas composições de Rodger, Susto e A Mala, encerram o disco. Com excelente produção do experiente Walter Silva, o disco foi gravado nos estúdios da Continental em novembro de 1972 e lançado no ano seguinte. A resposta da crítica foi superpositiva, e anos depois se tornou um item de colecionador. Hoje deve valer uma pequena fortuna nos sebos. O disco chegou a ser relançado ainda no formato vinil no final dos anos 80, mas com capa simples, e não no formato de álbum da edição original. É um disco precioso, e um dos mais valiosos de minha coleção.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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Ouvia muito Walter Silva no rádio de pilha.
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