sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Herbie Hancock Entre o Funk e a Fé em Buda
Em 1976 o Jonal de Música trazia uma matéria sobre o músico Herbie Hancock, um expoente do jazz e do funk nos anos 70, quando formou a lendária banda Headhunters. A matéria, publicada originalmente na revista americana Melody Maker, fala do envolvimento do músico com o budismo, e tem por título “Herbie Hancock entre o funk e a fé em Buda”. Segue abaixo alguns trechos da matéria:
Herbie Hancock repete "nam myoho renge kioh" duas horas por dia. Uma hora de manhã e uma hora de tarde. Repetir essa frase contemplando uma escritura oriental chamada Gohonzon é uma prática comum a todos os Budistas Nochiren Shoshu. Foi o baixista Buster Williams que converteu Herbie a essa crença, mas isso não o salvou de ser demitido. Porque Herbie entoou “nam myoho renge kyoh” e dispensou a sua banda, que tinha colaborado para a sua fase de consciência africana.
E Herbie ainda está entoando “nam myohorenge kioh” numa espécie de altar ao lado de sua cama no Hotel Sheraton de Nova Iorque. O resultado desse esforço espiritual incansável foi que Herbie – como outros jazzistas religiosos – viu a luz da grana no fim de um longo túnel. Claro! O caminho é o funk. As aventuras de Herbie no mundo do soul assumiram várias formas. Já havia tentado caminhar na direção de Head Hunters com o álbum Fat Albert Rotunda, mas todo mundo riu dessa mistura de riffs de James Brown com solos de bebop. E embora Head Hunters fosse um sucesso comercial, a sua banda foi forçada a abandonar o palco do Festival de Jazz de Berlim de 1974. Seu uso de fogos de artifício, bombas de fumaça e encenações à la Earth, Wind and Fire e The Ohio Players, recebeu estrondosas vaias. Mas Herbie subiu no conceito atualmente, trabalhando com um guitarrista solo que os conhecedores de soul não ousam desprezar: Melvin Reagin, também conhecido como Wah-Wah Reagin. Wha-Wha, junto com Norman Whitfield, criou o som Tamla (exemplificado pelos Temptations e Jackson Five). Tocou junto com Berry White, Bobby Womack, Pointer Sisters, Quincy Jones, Hamilton Bohannon e muitos outros. Hancock insiste em que a sua evolução tem sido natural e lógica. Acredita que está sempre avançando mais: “Existem coisas que eu tocava antes que não se ajustariam à minha banda atual. Isso pode ser dito a respeito de tudo que fiz. Os Headhunters nunca poderiam ter tocado algumas coisas do sexteto Mwandishi (da fase africana), porque não seriam apropriadas. Temos que nos ajustar ao ambiente musical onde trabalhamos.”
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