Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Coleção Cantos do Rio


Em 1996 a editora Relume Dumará com apoio da Rio Arte (ógão ligado à Secretaria de Cultura da prefeitura do Rio de Janeiro)lançou uma série de livros chamada Cantos do Rio, em que um cronista convidado falava de seu bairro,de suas vivências e a importância do bairro em sua vida. Não sei ao certo quantos volumes foram lançados. Eu comprei dois, não exatamente por causa dos bairros, mas pelos autores: Aldir Blanc, falando de Vila Isabel e Geraldo Carneiro, do Leblon. Também saíram volumes sobre o Baixo Gávea,centro e Lagoa.
Os livros, no formato pocket book e de poucas páginas (ambos que comprei têm menos de 60), são de fácil e agradável leitura, podendo até ser lidos de uma levada só, não só pelo formato, como pelo texto que prende o leitor.
O texto de apresentação da série diz:
"Cantos do Rio: reflexos, reflexões, visões e revistas, recantos e encantamentos de uma cidade que fascina e inspira nostalgia, sorrisos, arrebatos. Cantos cantados, com lirismo e graça incompatáveis ("canta a tua aldeia, assim serás universal") por poetas e cronistas que esbanjam sensibilidade, humor e maestria na arte de contar".
Seguem dois pequenos trechos dos dois livros.
Vila Isabel - Inventário de Infância (Aldir Blanc):
"Fomos ao quintal. Meu avô encostou a velha escada com manchas de tinta ao lado do tanque e subiu até a caixa d'água.
- Anda, vem ver!
Fui puxado pela mão do gigante até o alto.
Meu avô afastou a tampa da caixa.
- Olha...
A lua cheia se refletia na água quieta.
Ergui os olhos para o céu.
- É a lua!
- Aquela não. Aquela é gelada, feita de pedras, uma espécie de vulcão extinto. Agora, essa aqui, dentro da caixa d'água á lua da Zona Norte. Põe a mão nela... Isso. Viste? É trêmula e tépida como as mulheres."

Leblon - Crônica dos Anos Loucos (Geraldo Carneiro):
Para mim, o Leblon é uma província tão imaginária como a Gália Tropical. Suas fronteiras variam ao sabor do desvario e do esquecimento. Às vezes, durante este relato, o Leblon confinará ao norte com o Jardim de Alah, ao sul com o Paraíso, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com as ficções selvagens de José de Alencar; outras vezes, suas fronteiras serão ainda menos previsíveis. Mas, de uma maneira ou de outra, será um país povoado de sereias e quimeras."

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