Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Clara Brito - Sesc Campos


O Sesc continua a representar uma ótima opção cultural para aqueles que procuram novas alternativas na cidade, que hoje oferece tão poucos espaços para os artistas da terra. O projeto Urbanidades, que teve início na noite de ontem, trouxe em sua abertura um show de uma nova cantora: Clara Brito. Conhecia pouco o trabalho de Clara, apenas algumas participações na banda Avyadores do Brazyl, sendo que o vocal na gravação de Indi/Gesta (talvez a última gravação feita pelo grande Luiz Ribeiro) foi a mais significativa. Luiz, por sinal, foi citado por ela como um grande mestre, e quem lhe apresentou o blues, de uma forma mais contundente. Também a havia assistido em uma pequena participação em shows da banda 401, formada por ex-membros da banda de Luiz, além de outra participação, cantando Mercedez Benz, do repertório de Janis Joplin, num show do guitarrista Big Joe Manfra. Sua bela voz e interpretação me chamaram a atenção.
Ontem pude assistir pela primeira vez a um show solo de Clara, no Sesc. Acompanhando-se ao violão, além de trazer a participação de Sérgio Máximo na guitarra e André Aguiar na harmônica, Clara pôde trazer ao público um show próprio, com seu trabalho vocal e autoral, além de covers nacionais e internacionais. Seu trabalho autoral é de boa qualidade, já deixando claro uma maturidade musical e um bom ouvido para construir melodias. "Ateu, Graças a Deus", por exemplo, fala de suas mal sucedidas experiências religiosas, de uma forma um tanto iconoclasta, mas sincera. Aliás, segundo ela, suas primeiras experiências no canto foram através de músicas gospel, que até pode ter lhe valido como experiência, mas seria uma pena ver sua bela e potente voz ser desperdiçada com aquelas músicas chatinhas. Outras composições próprias, como um samba que fala da rua Gil de Góis, mais especificamente de seu aspecto boêmio, bares, etc. Aliás, a palavra "estranho" aparece na letra sem fazer uma referência direta ao famoso e finado bar que fez história naquela conhecida esquina, mas com certeza é uma citação. "Morfeu" é outra composição autoral, que por sinal foi cantada duas vezes- a segunda, a pedidos.

Clara sabe se acompanhar bem ao violão, o que lhe dá uma autonomia no palco. Por sinal, algumas das músicas são executadas somente com voz e violão. É o caso, por exemplo, do clássico "As Rosas Não Falam", de Cartola. Clara nessa música, deu uma levada diferente ao violão, em uma interpretação bem pessoal. A troca de um trecho da letra - "Bate outra vez a esperança em meu coração" ao invés de "Bate outra vez com esperanças o meu coração" não comprometeu a poesia de Cartola, como muitas vezes acontece com a mudança de uma simples palavra. Canudinho, de Renata Arruda e Pagu, de Rita Lee, foram outros covers nacionais interpretados por ela. Dentre as internacionais, boas interpretações para Hoochie Coochie Man, de Muddy Waters (que ela transformou em Hoochie Coochie Girl), Wish You Where Here, do Pink Floyd e Sweet Home Alabama, do Lynyrd Skynyrd. Não poderiam faltar músicas dos Avyadores do Brazyl, sua grande escola: Indi/Gesta, O Amor é Cruel e 401, em um arranjo que começa com uma versão instrumental de "Baião", de Luiz Gonzaga, executada por André, Clara e Sérgio.
Foi um show intimista, onde todas as possibilidades de acompanhamento foram executadas - voz e violão; voz, violão e gaita; voz, violão e guitarra. Só faltou cantar à capela. Pelo potencial que Clara demonstrou, ela merece se apresentar em um show com banda: outra guitarra, um baixo e uma bateria, por exemplo, lhe dariam a oportunidade de mostrar sua presença de palco, pois lhe traria uma maior mobilidade, por não precisar se acompanhar em todas as músicas.
Valeu a pena conhecer essa nova cantora. Que venham outros shows.

7 comentários:

  1. Já tinha visto algumas apresentações solo de Clara no Cantinho do Poeta e gostei muito, mas quando a vi em uma Homenagem à Luizz Ribeiro, cantando 'O amor é cruel', confesso que fiquei encantada!
    Outro momento que chamou a minha atenção foi no Jardim do Liceu, no Festival de Jazz e Blues, quando a mesma cantou acompanhada do guitarrista Big Joe Manfra.
    Não pude comparecer nesse evento que cita. Infelizmente, perdi!
    Gisele.

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  2. menina fantástica essa Clara Brito. Com certeza a veremos brilhar, não somente em Campos mas por tantas outras terras. com apenas 21 anos de idade tem potencial de cantora tarimbada.Soube que está cantando no "deixa fluir" aos domingos " à noite. é pra lá que vou....
    Esther

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  3. Parabéns Clara Brito!
    Ela continua maravilhosa...
    Felicidades :-\

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  4. Pena que é um louca varrida

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    1. caramba !!!! queria que todos loucos fossem como ela. O mundo ia ficar mais bonito....

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  5. Uma voz dos "DEUSES" ;] rs

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  6. É... e exterminassem as pessoas chatas como voce! rs
    queria que todos loucos fossem como ela. [2]

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