quinta-feira, 14 de julho de 2011
O Sabor das Palavras
Hoje eu percebo que o sabor que certas palavras deixam em nossas bocas só é percebido quando a memória retoma o poder de retroceder o tempo, fazendo um replay em nossas cabeças. Na verdade, existem frases que de tal maneira tornam-se marcantes, que nos é possível saborear cada palavra como se saboreia um sorvete, às vezes até nos engasgando com os pontiagudos circunflexos e os anzois dos pontos de interrogação.
A palavra fácil, o verbo desprovido de vaidade vocabular, não precisam trazer a sofisticação de frases de uso não-cotidiano a passear com seus trajes a rigor pelas movimentadas avenidas de nosso idioma. É como se deixar levar pela falta de compromisso com sonoridades nobres, num papo de botequim em um fim de tarde, onde os assuntos se sucedem como folhas de papel a voar, governadas pela ventania de ideias descompromissadas com o profundo. Porém mortais e coletivamente dependentes são as palavras não esclarecidas, trazendo dúvidas onde se esperava obviedades. Buscando, embora nem sempre com êxito, um ponto equidistante entre a dúvida e a certeza. Sem dúvida.
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