sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Walter Franco na Estrada - 1975
Em novembro de 1975, o jornal HitPop, que vinha encartado na revista Pop, trazia uma matéria com o cantor e compositor Walter Franco, considerado um dos “malditos” da MPB, por fazer um trabalho diferenciado e anti-comercial. A matéria intitulada “Walter Franco Na Estrada” dizia:
“Rejeitado pelas gravadoras durante muito tempo, sob as alegações de que seu trabalho era pouco comercial, Walter Franco não aceitou fazer concessões e não se abalou com as vaias que caíram sobre ele e sua “Cabeça”, no Festival Internacional da Canção, em 1972. Naquele dia ele ouviu do compositor Astor Piazzolla, o maior nome do tango moderno: “Isso não é apenas música, é uma revolução”. Depois do Festival, já contratado pela Continental, ele fez seu primeiro LP, produzido por Rogério Duprat e considerado um dos melhores de 1973. E as coisas começaram a melhorar, apesar de o disco ter vendido, segundo a gravadora, apenas quinhentos exemplares. Hoje, depois de Gal Costa ter incluído Me Deixe Mudo em seu show “Cantar”, e de Chico Buarque ter gravado essa mesma música, sua composição Feito Gente acabou se tornando a faixa principal do disco e nome do aplaudido show de Wanderléa. Agora, preparando seu próximo LP (que será produzido por Antônio Carlos Sion, pela Continental), Walter quer formar “um pequeno grupo de bons músicos para poder viajar, cantando, tocando e saindo do banquinho para usar o palco”. Isso tem muito a ver com sua formação (ele é ator, diplomado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo) e com sua visão de vida e música. ”Quando estou num palco”, ele diz, “sinto vontade de pôr pra fora uma transação integral, tudo o que sou, como diz Mário de Andrade: Eu sou trezentos, trezentos mil, mas um dia toparei comigo. Nesse próximo disco, ele se propõe mostrar que harmonia e amor não podem existir separados, “que respirar é um ato de amor, que viver é um ato de amor, e a partir daí começa meu trabalho”. Místico, Walter crê “na santidade do ser, eu creio em Deus, sem pudor. E o silêncio, que é uma coisa santa, está no meu trabalho. Mas eu tenho tronco e membros, e também grito.”
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