domingo, 12 de dezembro de 2010
Negócio Seguinte:
O jornalista Luiz Carlos Maciel foi um dos primeiros no Brasil a abrir espaço para assuntos ligados à contracultura, e movimentos ligados à revolução cultural e comportamental que acontecia nos anos 60 e 70. Na época ele mantinha uma coluna semanal no jornal O Pasquim, chamada Underground, que falava basicamente em rock, movimentos culturais de vanguarda, psicanálise, etc.
Em 1981 vários dos textos publicados em sua coluna foram reunidos no livro Negócio Seguinte. A própria capa do livro já dá uma pista dos assuntos retratados, coisas que faziam parte de sua coluna.
O texto de contracapa faz uma breve descrição de Maciel:
"Cabelos compridos, vestido de jeans, falando ao povo com simplicidade, Maciel transpôs a década erguendo uma obra filosófica que se projeta como o estrato mais avançado do pensamento no Brasil. A solidez da sua cultura e o êxito da aplicação do método para incorporar o mundo novo ao Conhecimento, em nosso país, fazem que Maciel e seu trabalho redimam a velha Universidade, onde se formou. Uma universidade elitista, é verdade. Mas competente. Maciel é talvez o único exemplo - pelo menos o mais conhecido e o único de projeção nacional - da transição feliz, no sentido de produtiva e criadora."
Na época em que comprei o livro, eu estava me iniciando no interesse pela contracultura, e através de Negócio Seguinte pela primeira vez li sobre figuras emblemáticas dos movimentos contraculturais, como Abbie Hoffman, Marshall McLuhan, Herbert Marcuse, Wilhein Reich, Thimothy Leary, Jerry Rubin, e outros. Muito se fala também de rock, e figuras lendárias como Hendrix, Dylan, Beatles, Stones, além de assuntos em voga na época, como revolução sexual, movimento, hippie, maconha (há um texto bem elucidativo sobre a cannabis) teatro de vanguarda, etc. Os textos foram publicados originalmente entre 1969 e 1971, e refletem bem a atmosfera da época.
Há ainda entrevistas com Caetano e outra com os Novos Baianos, com participação de Glauber Rocha, ainda antes do encontro com João Gilberto, e a gravação do antológico disco Acabou Chorare.
Um manifesto hippie, denominado Você Está na Sua também faz parte do livro, e começa dizendo;
"Seguinte: o futuro já começou. Não se pode julgá-lo com as leis do passado. A nova cultura é o começo da nova civiização. E a nova sensiblidade é o começo da nova cultura. Sua continuação é a nova lógica. Não: as leis do passado não servem."
Esse livro foi muito importante pra mim na época, pois me trouxe uma série de esclarecimentos sobre aquela época que eu não acompanhei, por ser ainda criança, embora observasse os ecos daquela revolução comportamental que acontecia. Foi bom passar a conhecer alguns daqueles personagens que ajudaram a mudar um pouco a fisionomia do mundo, mesmo que muitos daqueles movimentos tivessem, hoje analisando, um caráter utópico. Mas, não dá pra negar: de alguma forma, o mundo depois daqueles anos de contestação, não foi mais o mesmo.
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Marcio,bom dia!Gostaria de saber se ainda é possivel comprar esse livro.Li essa materia e gostei muito.Gostaria muito de obter esse livro.
ResponderExcluirFico no aguardo.
Um grande abraço.
Luigi
Tente no site www.estantevirtual.com.br, que agrega vários sebos. Basta digitar o nome do livro, e se algum sebo possuir, aparecem informações. Boa sorte!
ResponderExcluirAbraço