Em 1975 a revista Pop trazia uma matéria sobre os Mutantes, que após a dissolução de sua formação clássica, com os irmãos Arnaldo e Sérgio, além de Rita Lee, Liminha e Dinho, continuou fazendo seu som. Após a saída de Arnaldo, que ainda continuou na banda quando Rita já havia partido para uma carreira-solo, Sérgio Dias resolveu partir para um som progressivo, que era um estilo muito em evidência na época. A mudança foi radical, pois a banda com a mudança perdia aquela dose de humor e irreverência e partia para um som mais elaborado. Os novos integrantes dos Mutantes passaram a ser Antônio Pedro, Túlio Mourão e Rui Mota. Com essa formação a banda lançou o disco "Tudo Foi Feito Pelo Sol", hoje considerado um dos melhores álbuns progressivos lançados por uma banda brasileira. Mas na época, muitos dos antigos fãs e alguns críticos não se entusiasmaram muito com o álbum, sempre fazendo comparações com a fase anterior. Mas seria quase impossível Sérgio manter a mesma linha de rock que os Mutantes faziam, sem cair num pastiche, sem a presença de Rita e Arnaldo. A opção pelo progressivo, vista hoje, pode ser considerada um acerto, pois ao ouvir o clássico álbum, podemos perceber que havia ali outro tipo de inventividade, sob outras influências, e não soa como oportunismo, por estarem fazendo um som muito em voga na época. Na ocasião tive o privilégio de assistir a um show da banda, e pude sentir toda a energia que eles passavam no palco. A citada matéria da revista tem por título "Mutantes uma Escola de Rock da Pesada". Segue abaixo:
"Dede 1966, quando fizeram suas primeiras exibições na TV e foram saudados como o nosso primeiro conjunto pop, os Mutantes tiveram fases de muito sucesso, períodos de quase esquecimento, grandes alegrias, crises bastante sérias e - como o próprio nome sugere - sofreram muitas transformações. Agora, os Mutantes são quatro, e do grupo original restou apenas o guitarrista Sérgio Dias Batista. E contrariando os que achavam que o grupo não sobreviveria às deserções de Rita Lee e do líder Arnaldo (irmão de Serginho), o conjunto está numa das melhores fases de sua carreira.
Em sentido horário: Sérgio, Antônio, Túlio e Rui |
Serginho, um solista de alta tensão, aperfeiçoa cada vez mais sua apurada técnica na guitarra e é um dos poucos caras no Brasil que sabe tocar cítara com habilidade. Nos teclados está Túlio Mourão, um mineiro que ampliou as fronteiras da música do grupo com preciosas contribuições de sua formação erudita. Na bateria e no baixo estão Rui Mota e Antonio Pedro Medeiros, ambos ex-integrantes do Veludo Elétrico, trazidos aos Mutantes por Túlio. Os quatro vivem num sítio em Itaipava (RJ), praticamente isolados do mundo, curtindo som o tempo todo. E lá também estão sempre aparecendo músicos iniciantes, pedindo dicas e aprendendo os macetes do rock. Para eles, os Mutantes funcionam como uma verdadeira escola."
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