Já tratei aqui neste espaço sobre o conturbado fim do grupo Secos & Molhados. A notícia surpreendeu pelo fato dos Secos & Molhados resolverem se separar no auge do sucesso, pouco depois de lançarem seu segundo disco. Na verdade, a situação passou a ficar insustentável, por questões de grana. João
Ricardo, segundo seus companheiros de grupo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad, vinha tentando obter vantagens financeiras sobre os dois. A revista Pop nº 23, de setembro de 74, trazia em destaque a notícia da separação. Com chamadas como "A bomba estourou junto com o lançamento do segundo (e último!) LP do grupo e surpreendeu todo mundo" e "O sonho acabou mesmo. Ney e Gerson cansaram de ser explorados", a matéria dizia:
Ricardo, segundo seus companheiros de grupo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad, vinha tentando obter vantagens financeiras sobre os dois. A revista Pop nº 23, de setembro de 74, trazia em destaque a notícia da separação. Com chamadas como "A bomba estourou junto com o lançamento do segundo (e último!) LP do grupo e surpreendeu todo mundo" e "O sonho acabou mesmo. Ney e Gerson cansaram de ser explorados", a matéria dizia:
"Já estava tudo pronto para a grande festa do dia 13 de agosto: banda de música e balões gigantescos esperariam a multidão que iria superlotar o Teatro Aquarius , em São Paulo, para assistir ao show de lançamento nacional do novo disco dos Secos & Molhados. Sem falar nos milhões gastos na promoção do LP. Mas poucos dias antes, a bomba estourou e a notícia correu com a mesma velocidade com que as músicas do grupo atingiram os primeiros lugares das paradas de sucesso: 'Ney Matogrosso brigou com João Ricardo e não é mais um dos Secos & Molhados'. E, em meio a confirmações e desmentidos, outra bomba estourava, dando contornos ainda mais dramáticos ao caso: 'Gerson Conrad também deixou o grupo'. POP encontrou Ney de malas prontas de partida para a fazenda dos avós, na fronteira do Mato Grosso com o Paraguai. 'Preciso descansar e me desligar de tudo Estou livre, e isso é maravilhoso. Pela primeira vez em um ano, posso dormir tranquilo e até sonhar. A exploração acabou, finalmente. O nosso primeiro LP vendeu 800 mil cópias e a gente faturou horrores em shows, mas eu mesmo recebi muito pouco. Dá pra entender um negócio desses?'
E Gerson, o mais discreto do grupo, por que se mandou? 'Estava cansado de tanta exploração e do boicote que vinha sofrendo como compositor. O último LP tem onze músicas do João Ricardo e apenas uma que eu fiz. E as minhas composições não são piores que as dele. Rosa de Hiroshima, por exemplo, um dos nossos maiores sucessos, é minha. E isso deixou João com raiva. Ele não admite que alguém apareça mais do que ele'. João Ricardo e seu pai, o jornalista João Apolinário, atual empresário do grupo (ele tomou o lugar de Moracy do Val, provocando as primeiras brigas entre os meninos), estão sendo apontados como os responsáveis pelo fim do conjunto. O sonho acabou e João Ricardo está sozinho. Mas sua mãe, dona Fernanda, falando por ele, garante: 'O grupo Secos & Molhados é o meu filho. Por isso o conjunto vai continuar!' "
A matéria ainda trazia um box, falando sobre o segundo disco do grupo, que estava sendo lançado, e tinha previsão de uma carreira internacional, com lançamento na Europa e States:
"O segundo disco foi preparado para ser o passo mais importante dos Secos & Molhados rumo à conquista das Américas e da Europa. Além da faixa toda cantada em espanhol (Tercer Mundo, poema de Julio Cortázar, musicado por João Ricardo), o LP inteiro tem um sabor latino, com arranjos de viola, sanfona e castanholas. Mas o esquema montado para garantir o sucesso no mercado internacional foi mais longe: Ney, João Ricardo e Gerson tiveram aulas de dança e Ney aprendeu também a tocar castanholas. O que ninguém esperava era o fim dos Secos & Molhados..."
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