Palavras Domesticadas

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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Heitor Villa-Lobbos - Um Gênio Universal


A música popular é assunto recorrente nesse blog, mas eu não poderia deixar de fazer uma postagem sobre uma das figuras mais marcantes da nossa música erudita, e que com seu trabalho genial, acabou ganhando o mundo: o maestro Heitor Villa-Lobos.
Para iniciar, gostaria de trazer uma curiosidade. Villa indiretamente é responsável pela criação da mais importante escola de música criada em minha cidade, Campos dos Goytacazes, o Conservatório de Música de Campos, inaugurado em 28 de março de 1935. O primeiro volume da obra "Campos Depois do Centenário", do historiador Waldir P. de Carvalho, conta a história dessa importante escola de música, que hoje infelizmente se encontra inativa. Ao destacar os dados biográficos de sua fundadora, a musicista Edméa Regazzi, o texto diz: "... nascera em 1899, em Laranjeiras, no Rio, mas mudou-se com a família para Niterói, deixando na antiga capital, um seu namorado que seria igualmente famoso na área musical: Heitor Villa-Lobos." Em outro trecho o historiador conta: "Trouxe Villa-Lobos, afinal, para Niterói, para reger a orquestra da 'Artur de Azevedo'. Não havia dúvida: Edméa e Heitor se namoravam, de verdade. Mas o comportamento boêmio, na época, de Villa-Lobos, promoveu a separação do belo par." Assim sendo, conclui-se que a vida um tanto desregrada do maestro, para os padrões da época, principalmente para o universo da música erudita, fez com que sua namorada de então mudasse de cidade, e lá criasse uma escola de música.
Por ocasião do centenário de seu nascimento, acontecido em 1987, Villa foi amplamente homenageado. Uma das primeiras homenagens aconteceu já um ano antes, na segunda edição do Free Jazz Festival, em agosto de 1986.

O festival, que naquela edição trouxe atrações internacionais de peso, como Larry Carlton, Wynton Marsalis, Satanley Jordan, David Sanborn, Gerry Mulligan, Ray Charles e The Manhatan Transfers, promoveu em sua abertura o show "Tributo a Villa- Lobos". Na edição paulista o tributo ficou a cargo do violonista Turíbio Santos, e na carioca quem homenageou Villa foi o multiinstrumentista Egberto Gismonti, que na ocasião vinha se dedicando à música de Villa-Lobos, e havia lançado recentemente o disco "Trenzinho Caipira", inteiramente voltado para o grande mestre.
Uma revista trazendo a programação do evento, com dados biográficos das atrações do festival, ilustrações , etc, trazia um texto do jornalista José Domingos Raffaeli falando sobre a vida e a carreira de Villa-Lobos, já o homenageando pelo centenário que aconteceria no ano seguinte. Um trecho da matéria diz:

"Villa-Lobos, além de compositor célebre, foi uma figura humana ímpar. Gostava de jogar sinuca, onde quer que fosse, inclusive possuía um requintado taco de madrepérola, personalizado, que exibia com profundo orgulho. Curtia charutos, como um verdadeiro 'expert'. Foi um dos primeiros músicos a subir o Morro da Mangueira, para encontrar Cartola, de quem ficou amigo. Esta admiração à arte do mestre sambista motivou-o a apresentá-lo pessoalmente a Leopoldo Stokowisky, quando aqui esteve. Apesar da insistência do próprio Cartola, jamais ensinou fundamentos teóricos, por julgá-los absolutamente desnecessários ao inesquecível compositor da Estação Primeira. Até na omissão, Villa-Lobos foi um gênio."

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