Como falei na postagem anterior, na adolescência eu descobri o rock, e comecei na época, em plenos anos 70, a tomar conhecimento daquele rico panorama que se abria para mim. Passei a comprar revistas especializadas, principalmente Pop, e mais tarde, Rock, A História e a Glória. Dessa forma, passei a saber mais sobre as bandas em atividade, ou já desfeitas. Muitas dessas bandas eu conhecia somente por leitura. Sabia a história, formação, principais músicas, influências, mas não conhecia o som. Eu tinha uma grande curiosidade em conhecer aquelas músicas sobre as quais eu lia, mas nem todos aqueles artistas e bandas eu ouvia nas rádios, mesmo nos raros programas especializados. Não tinha grana para comprar discos com frequência e meus amigos mais próximos também não tinham muitos discos, assim muitas daquelas bandas que eu parecia conhecer tão bem, na verdade nunca tinha ouvido.
Um dos exemplos foi o quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. Já tinha lido sobre eles, sabia da importância do quarteto, mas nunca os tinha ouvido. Mas conhhecia sua história, muito por causa de uma excelente revista dedicada a eles. A revista Rock, A História e A Glória era a melhor publicação sobre rock na época - meados dos anos 70. Era uma publicação independente, em preto e branco, com poucos anúncios, mas com um excelente time de críticos e pesquisadores de rock: Ana Maria Bahiana, Ezequiel Neves, Luiz Carlos Maciel, Okki de Souza, Rick Goodwin, Tarik de Souza, Júlio Hungria, etc. Quando começou a circular, em 74, era uma revista que trazia como encarte o Jornal de Música, que falava também de MPB. Depois, passou a ser o contrário. A publicação passou a ser o Jornal de Música, que tinha encartada a revista. E foi nessa segunda fase, que a revista trouxe o quarteto como tema.
Trazendo ótimas fotos, e contando detalhadamente a trajetória da banda, a revista começa falando das bandas precursoras do C,S,N & Y, onde seus componentes se iniciaram na carreira, como os Hollies, o Buffalo Springfield e os Byrds.
"Os caminhos vêm do Canadá, da Inglaterra e dos Estados Unidos para formar uma rua de quatro mãos, unidas pelo ofício-missão de de cantar folk. Crosby é político, Nash, ingênuo, Stills, egoísta, Young, revoltado". Assim a revista resume o quarteto em um dos textos.
Trazendo, além da biografia, discografia e letras traduzidas, a revista também tinha uma sessão chamada Opinião, em que reproduziam comentários sobre os artistas destacados. Um exemplo:
"Enquanto a música de Bob Dylan formou a ponta de lança estética do ódio e fervor moral dessa geração dos anos 60, a música de Young expressou com a mesma credibilidade a culpa, as dúvidas e a paranoia que acompanharam esse ódio. As obsessões de Young são a idade e o passar do tempo. Evoca polaridades psíquicas e sociais para exemplificar a deterioração da cultura americana. Em suas músicas Young ousou o que nenhum outro astro do rock (com excessão de John Lennon) se atreveu: narrar, expor e talvez até ajudar a expurgar a paranoia e culpa coletiva de uma sociedade, encenando-as sem desculpas ou explicações. - Stephen Holden - Rolling Stone, 74".
Outra sessão fixa da revista se chamava Geleia Geral, que trazia curiosidades. Na edição em questão, trazia, por exemplo, essa nota:
"Relações amorosas: 69 foi um ano trágico para as relações amorosas do nosso quarteto. Só Neil Young se deu bem, casando com a atriz Carrie Snodgrass (hoje tem um filho chamado Zeke). O romance de Stills com a cantora Judy Collins terminou de repente (foi para ela que fez a famosa Suite: Judy Blue Eyes. Christine, a namorada de Crosby (e para quem fez a bonita Guinevere), morreu num desastre de automóvel. Nash continuava sua transa apaixonada e tempestuosa com Joni Mitchell, atrapalhado pelo fato de sua esposa não lhe conceder o divórcio. Quando afinal ela consentiu, Joni já pasara a transar com James Taylor. A música que a musa de Nash inspirou saiu então amarga e triste. 'Tentei penetrar através dos muros nos quais você vive/Como amigo voei de muito longe pra uma amiga.../E se você continuar a se comportar como agora/toda a música na minhas veias os tranformará em pedra'. (Frozen Smiles, 72)".
Foi uma ótima forma de se entrar no universo de um dos melhores grupos da história do rock, embora o essencial - sua música - eu só viesse a conhecer um tempo depois.
Caro Márcio, parabéns pelo Blog. Também sou fã da banda CSNY, e gostaria de saber da possibilidade de você me enviar uma cópia escaneada desta edição da Revista Rock, para a minha coleção. Abraços, Rodrigo - motherfocus@hotmail.com
ResponderExcluirBom dia. Quero comunicar que digitalizei as primeiras 19 edições da revista Rock - A História e a Glória e vou disponibilizar pra quem tiver interesse. É só mandar um email para o do comentário e disponibilizo o link para download.
ExcluirValeu, Marco. Vou fazer contato. Abraço
Excluirestou em busca dos outros números, do 20 ao 30. Alguém sabe onde posso encontrá-los? se existem digitalizado? obrigado
ResponderExcluirMeu comentário sumiu!!!
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