Desde adolescente eu já me ligava em música, e lia tudo que conseguia sobre o assunto. A música brasileira vivia uma fase brilhante, com o surgimento de vários cantores e compositores que traziam algo novo no cenário musical. Em setembro de 1975 a revista Veja trazia uma matéria de capa com a seguinte frase de chamada:"Uma Geração de Briga". A capa trazia uma foto com Luiz Melodia, Fagner, João Bosco e Walter Franco. Quando soube dessa matéria, logo comprei a revista. A matéria trazia o título de Andarilhos Solitários, e falava nas dificuldades e agruras pelas quais os novos compositores passavam, e também trazia um panorama da MPB da época, em seus vários estilos, incluindo o rock.
Os quatro músicos destacados na capa deram seus depoimentos, assim como outros compositores que surgiam na época. Fagner, por exemplo, ainda um artista de penetração restrita no mercado, mostrava sua indignação: "Eu sou um cara que consigo (sic) as coisas porque vou lá e brigo. Não quero saber se tem secretária mandando eu não entrar, eu abro a porta, vou lá e pergunto qual é. Porque quando você conversa com esses caras de gravadoras parece que você está falando de laranja e banana. Os caras que mais odeiam música são os que trabalham com ela."
Walter Franco, também dá seu depoimento, com sua postura zen, e à sua maneira define bem o que era fazer parte do grupo dos "malditos" da MPB, já que seu trabalho era, e ainda é, anticomercial ao extremo: "As coisas mais simples são as mais profundas - e vice-versa. Uma delas, uma das poucas certezas que tenho, é que os homens se dividem, desde os tempos não registrados pela História em grupos e tribos. E existe uma, a tribo dos que caminham à frente da manada, dos que amam, dos que têm fé neles mesmos e em suas pequenas, infinitas descobertas. Essa tribo foi necessária - e odiada. É a minha. Diminuta, composta de gente que pretende a harmonia, o belo, e que se nutre de amplos espaços que os outros só ocuparão muito tempo depois."
A matéria também destacava Raul Seixas, que na ocasião estava gravando o disco Novo Aeon (que na ocasião da matéria iria se chamar Caminhos), Alceu Valença, Belchior, e outros, ainda em início de carreira.
A matéria também destacava Raul Seixas, que na ocasião estava gravando o disco Novo Aeon (que na ocasião da matéria iria se chamar Caminhos), Alceu Valença, Belchior, e outros, ainda em início de carreira.
A matéria ainda trazia um box intitulado "Os, apesar de tudo, estreantes", que destacava compositores novatos, ou não tão novatos assim. Os nomes destacados eram Sueli Costa, Lô Borges, Carlinhos Vergueiro, Lecy Brandão, Duardo Dussek (ele só adotaria o nome Eduardo nos anos 80), Ednardo, e dois nomes que não se destacaram na carreira: Walker e Marcus Vinícius. Walker, eu soube que lançou um cd nos anos 90, e Marcus Vinícius eu creio que seja um produtor musical que de vez em quando eu leio a respeito, mas não tenho certeza.
A matéria é interessante, e lê-la hoje, 34 anos depois, nos dá uma visão do panorama musical da época.
É sempre bom guardar essas relíquias. Melhor ainda é discuti-las aqui. Não sei se você sabe, mas a Veja já disponibiliza grande parte do seu acervo aqui na net, o que facilita muito as pesquisas... A Superinteressante e Cult também já estão fazendo isso.
ResponderExcluirEssa matéria da Veja é bem interessante, por isso resolvi guardá-la e preservá-la por todos esses anos. Já ouvi falar no acervo digital da Veja.Esse tipo de preservação, que também está sendo adotado por outras revistas, é uma ótima fonte de pesquisa.
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