Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Crumb- A Heroica Luta de Um Artista Para Se Manter Longe do Sucesso


O desenhista de quadrinhos Robert Crumb é um personagem dos mais interessantes. Além de artista genial, sua irreverência e aversão à fama fazem dele uma figura ímpar. Sua vida daria um ótimo documentário, com realmente deu. Para se conseguir produzir um documentário com imagens e entrevistas exclusivas só mesmo alguém muito ligado ao personagem, o que é o caso do diretor Terry Zwigoff, amigo de Crumb.
A revista General, especializada em cultura geral, que circulou nos anos 90, em seu nº 12 traz uma matéria sobre o filme, que estava sendo lançado. A matéria é assinada pelo também desenhista Fábio Cobiaco, com colaboração de Paulo Góes. Abaixo, transcrição da matéria.
"O sucesso persegue Robert Crumb. O mais underground dos artistas underground, o heroi dos quadrinhos marginais que recusou todos os insistentes convites milionários para trabalhar na grande imprensa, consegue sem querer o que muito artista esforçado tenta a vida inteira: ser sucesso. Crumb, nascido para ser mártir da cultura alernativa, está virando moda.
Tem até CD Rom baseado em suas histórias em quadrinhos. E um after dark para tela de computador estrelado pela Engelfood McSpade.
Para 'piorar' a situação de Crumb, um documentário sobre sua vida acaba de receber o prêmio de melhor filme não ficção no Festival de Sundance, um dos principais eventos do cinema norte-americano. Justo Crumb que, depois do sucesso do desenho animado Fritz The Cat , havia prometido nunca mais se meter com cinema. Pobre vítima do sistema!
Crumb - o singelo nome do filme - é dirigido por Terry Zwigoff, amigo do desenhista. Zwigoff é também um dos companheiros de Crumb na banda Sheep Swit Serenaders, especializada em música folclórica norte-americana.
Enquanto os amigos fazem esse tipo de traição contra ele, Crumb continua se esforçando para manter a popularidade à distância. Seu último feito nesse sentido foram as HQs Quando Os Negros Tomarem A América e Quando Os Malditos Judeus Tomarem A América. Uma imagina a realização de todos os ridículos pesadelos de racistas norte-americanos: negros no poder invadindo casas para roubar as mulheres e estrupar a comida. A outra coloca batalhões de rabinos, com kippás, tranças e tudo mais, marchando vitoriosos sobre as ruas dos EUA. Dois típicos exemplos do humor absurdo de Crumb, que desde os anos 60 não deixou ninguém escapar - nem hippies, nem nazistas, nem yuppies, nem feministas, nem policiais, nem hare krishnas, nem sua esposa, nem ele próprio.

Desta vez ele ganhou a chance de ser chamado de racista e nazista. Muita gente não entendeu a piada e está fazendo escândalo. A alfândega canadense, por exemplo, proibiu a entrada do gibi no país. Mais ridículo: uma publicação neo-nazi, Race And Reality, levou as HQs a sério e as publicou sem autorização (Crumb entrou com um processo contra a publicação). São os problemas de tornar-se popular.
Crumb, o filme, será exibido no Brasil na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo."

2 comentários:

  1. Crumb é realmente incomparável Marcinho..Mas se não me engano, já vi um documentário sobre ele em um canal de TV a cabo... Inclusive com algumas curiosidades meio bizarras..Me lembro que tinha uns depoimentos de ex-mulheres ou ex-namoradas dele falando que ele tinha um "bilau" do tamanho de um trem...rssss

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  2. Rsrs Ainda não vi o documentário, portanto desconhecia esse detalhe. Certamente, é mais uma das peculiaridades de Crumb.

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