Palavras Domesticadas

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sábado, 21 de janeiro de 2012

A Morte de Etta James


Ontem o blues e o jazz perderam uma de suas grandes estrelas, morreu Etta James, dona de uma voz poderosa e grande intérprete, que deu vida a grandes clássicos desse segmento. A primeira vez que ouvi falar em Etta, foi quando ela veio ao Brasail para participar do Festival de Jazz de São Paulo, em 1978. Etta foi uma das grandes sensações do evento, dando um verdadeiro show de interpretação em sua apresentação. Em janeiro de 1979, a revista Pop fez uma matéria com ela, por conta de sua participação no festival. As fotos que ilustram essa postagem são de sua apresentação aqui. Abaixo, trancrição da matéria:
"Quando Etta James cantou A Piece of My Heart no primeiro Festival de Jazz de São Paulo, um enorme ponto de interrogação tomou conta dos ouvidos da plateia que superlotava o Palácio das Convenções do Anhembi: 'Ela está imitando Janis Joplin', reclamavam os fãs de Janis, no meio da multidão, indignados com a audácia daquela gorda meio desajeitada.
Etta se acostumou a esse tipo de confusão. Para ela, era apenas a confirmação, mais uma vez, de que os garotos brancos que compram discos nunca tinham ouvido falar de seu nome. Pouca gente sabe que foi Etta James quem influenciou Janis Joplin, e não o contrário. E Janis sempre fez questão de dizer isso.
De qualquer forma, todos os que foram ao Anhembi sentiram logo que estavam diante de uma incrível cantora de rhythm and blues. Etta James é considerada, por toda a crítica americana, como uma das mais competentes vocalistas de blues, ao lado de Aretha Franklin. A música que sai de seus poderosos pulmões, em meio a seus 140 kg de peso, pode ser comparada apenas à de miss Franklin ou a alguma daquelas fantásticas negras que cantam nas igrejas batistas dos Estados Unidos. John Morthland, crítico da revista Rolling Stonevai mais longe: 'Toda vez que vejo uma mulher tentando recriar sucessos de Janis Joplin', ele diz, 'fico espantado com a overdose de paixão mórbida de que elas necessitam para conseguir apenas uma migalha do que Janis conseguia. Depois que ouvi Etta James cantando A Piece of My Heart , tive que mudar de ideia. Etta pode cantar os sucessos de Janis até melhor que a própria...'

O sucesso de Etta James no Festival de Jazz de São Paulo já teve resultados positivos: ela volta ao Brasil em abril para uma excursão por várias cidades ainda a confirmar. Em entrevista exclusiva a POP, Etta mostrou o outro lado de uma mulher sofrida que persegue o sucesso há 25 anos, numa carreira cheia de altos e baixos: 'Quem quiser saber alguma coisa sobre minha vida sexual, que pergunte a Mick Jagger...' Etta acaba de fazer uma excursão com os Rolling Stones pelos Estados Unidos e diz que 'trabalhar dez dias com Mick Jagger é viver cem anos de vida bem vividos'. E não há mágoa quando ela fala de sua tumultuada carreira, cheia de injustiças:
'Minha história é igual à de milhares de delinquentes juvenis que povoam os EUA, parados nas esquinas, tentando chamar a atenção do primeiro que que passar.' Foi numa dessas esquinas, em Los Angeles, que Johnny Otis descobriu Etta James e quase conseguiu levá-la ao sucesso. Mas vieram as drogas, a heroína, o internamento numa clínica. E a inevitável interrupção da carreira:'Toda a indústria do disco sabia que eu era viciada. Ninguém queria se envolver com uma junkie. Cinco anos depois de deixar a clínica, Etta está de volta, reabilitada pela gravadora WEA e pelo produtor Jerry Wexler. 'Uma voz privilegiada, a versão feminina de Otis Redding', dizem os críticos sobre seu mais recente LP, Deep in the Night, já lançado no Brasil. Finalmente livre das drogas, com um ótimo LP nas paradas e viajando pelo mundo, Etta parece mais perto que nunca do sucesso que quer e merece. O que, para nós, o público, só pode ser ótimo..."

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