Palavras Domesticadas

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sábado, 31 de dezembro de 2011

Revistas Legais - História do Rock (4 Volumes)




Nos anos 80 a antiga Editora Três era responsável por algumas publicações musicais, como a revista Somtrês, especializada em equipamentos e matérias musicais, uma série de revistas-poster, falando de várias bandas e artistas, e de vez em quando publicava alguma edição especial, sempre na área musical. Uma dessas edições foi uma série com quatro revistas contando a história do rock, de seu início nos anos 50, até a época em que as revistas foram publicadas.
O responsável pelo texto foi o jornalista e pesquisador musical Roberto Muggiati, de quem aliás, já falei aqui neste espaço, quando comentei sobre dois livros de sua autoria. Os quatro volumes foram assim divididos: 1º Volume - Os Anos Heroicos (1954-1959); 2º Volume - Os Anos de Ouro (1962-1966); 3º Volume - Os Anos da Utopia (1967-1970) e 4º Volume - Os Anos da Incerteza (1970-1980). Fartamente ilustrado, e com um ótimo texto, onde o rock é contextualizado dentro dos períodos em que foram divididos na obra, onde as transformações sociais, políticas e culturais são destacadas, os quatro volumes da História do Rock oferecem um amplo panorama do que o rock representou no período destacado.
No primeiro volume, dedicado aos primórdios do rock'n roll (anos 50), Muggiati inicia seu texto dizendo: "No começo da década de 50, uma estranha e imprevista combinação iria desencadear a grande revolução. Um caipira do Mississipi, um americano típico de Detroit, um branco meio maluco da Luisiana, o filho de um lavrador do Tennessee, um ex-trombadinha de St. Louis, um crioulo de Nova Orleans filho de violonista, um mulato da Georgia gênero bicha louca, dois irmãos do Kentucky, filhos de cantores de rádio, um colegial do Texas. Nenhum deles parecia destinado a pouco mais do que uma existência anônima, sem a maior importância. Um time de perdedores. Mas, com a força da sua música, eles abriram caminho para o explosivo fenômeno do rock'n roll e se tornaram os heróis culturais de toda uma geração. Seus nomes: Elvis Presley, Bill Haley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Chuck Berry, Fats Domino, Little Richard, os Everly Brothers e Buddy Holly".
Cada um deses personagens tem suas vidas contadas, juntamente com a história do gênero, além de outros personagens não ligados à música, e sim ao cinema, mas que se interligam com a história do rock, como James Dean e Marlon Brando, e a figura emblemática do "rebelde sem causa", muito ligada aos anos 50.

O Volume 2 destaca os anos 60, de 62 a 66, e traz na capa, como não poderia deixar de ser, os Beatles. Na introdução do segundo volume, Muggiati destaca:
"Com o final da década de 50, o rock já tinha se transformado numa assinatura reconhecida em todo o mundo. E quando a maioria imaginava que o gênero poderia ser vítima de uma decadência precoce - como dezenas de outras modas que vieram e passaram, o rock sacudiu a década de 60 com uma força que ninguém poderia prever."
Nesse segundo volume é destacada primeiramente a música de protesto e engajada em movimentos políticos, destacando-se Joan Baez e Bob Dylan. A folk music é apresentada como uma música que fala dos direitos civis, na luta ao lado das classes desfavorecidas. Mostra ilustrações com fotos de Joan Baez em concertos de fundo político e uma foto em que ela aparece numa marcha ao lado de Martin Luther King.
Bob Dylan (que por sua importância também poderia ser destacado na capa da edição) é amplamente citado numa matéria de várias páginas, onde é destacado não só seu lado de músico, que revolucionou e influenciou toda uma geração (inclusive os próprios Beatles, e mais tarde Hendrix, dentre outros) como também seu engajamento político, destacado em suas músicas de protesto.

Uma longa matéria com os Beatles vem em seguida, destacando seu início em Liverpool, até sua afirmação e ascenção - os anos da beatlemania e toda a influência que a banda representou. Como o segundo volume fala até o ano de 1966, a história dos Beatles continua a ser contada na terceira edição. Esse volume também destaca o fenômeno conhecido como Britsh Invasion, a invasão das bandas inglesas no mercado do rock: Rolling Stones, The Animals, The Yardbyrds, The Who, Cream e The Kinks.
Também é destacado o surgimento de novas bandas americanas. Num tópico intitulado "Reação Americana", o texto diz: "O boom britânico acabaria por despertar o rock americano, que entrara em hibernação em fins de 50/início de 60." É destacado principalmente o novo som vindo do estado da Califórnia, que iria dar no rock psicodélico dos anos 60: The Byrds, Country Joe The Fish, Jefferson Airplaine, The Mammas and The Papas, The Mothers of Invention, Canned Heat, The Grateful Dead, etc.
O volume 3 destaca o período 1967-1970. Fala dos grandes festivais, como Monterey e Woodstock, e o surgimento de figuras marcantes como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison dentre outros. É destacado também o movimento hippie, o "Verão do Amor", e vários pensadores que influenciaram aquela geração, como os autores beats e Herbert Marcuse. Como curiosidade a revista traz uma matéria de várias páginas contando detalhes sobre a gravação do álbum Sgt Peppers, dos Beatles.
O quarto e último volume, intitulado Os Anos da Incerteza, destaca o período de dez anos, entre 1970 e 1980. A introdução do volume diz: "A década de 70 parecia bem distante da petulância dos anos heroicos do rock. Muitos dos grandes nomes do passado já não revelavam sequer uma parte da força original, se acomodando e produzindo música sem interesse. Ao mesmo tempo, grupos novos não conseguiam ocupar um vácuo tão grande."
o último volume da série destaca o rock progressivo (Yes, Emerson, Lake and Palmer, King Crimson, Pink Floyd), fala dos supergrupos, como Led Zeppelin, o surgimento do movimento punk (em várias páginas), a ascenção do reggae, a disco music, o estilo fusion, soul, etc. Esses quatro volumes da História do Rock é um excelente material de pesquisa sobre as três primeiras décadas do rock, escritas por quem entende do do assunto.

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