sábado, 7 de maio de 2011
Woody Allen Se Encanta Com Machado de Assis
Em entrevista recente, para o jornal inglês The Guardian, foi pedido ao diretor de cinema Woody Allen que citasse os seus cinco livros favoritos, e que mais o influenciaram. Dentre os cinco citados estava Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis,.A escolha do livro de Machado causou surpresa para muitos, pois se trata de um livro escrito por um autor sem o merecido reconhecimento internacional, portanto um desconhecido para o grande público. Até para nós, brasileiros, que conhecemos e valorizamos a obra de Machado, não deixou de ser uma agradável surpresa, pois sabemos o quanto é raro uma obra escrita originariamente em português ser citada entre os livros preferidos de uma personalidade internacional. Os livros de Paulo Coelho não contam nesse caso, pois é uma outra vertente que nem valeria a pena ser analisada agora.
O livro de Machado de Assis, um autor de quem Woody Allen nunca tinha ouvido falar - e não vai aqui nenhuma insinuação de falta de cultura do cineasta - chegou a suas mãos enviado por um brasileiro: "Eu recebi o livro pelo correio um dia. Algum estranho do Brasil me mandou e escreveu: 'Você vai gostar disso'. Como é um livro fino, eu li. Se fosse um livro grosso, eu teria descartado na hora. Eu fiquei chocado com o quão charmoso e interessante o livro era. Eu não conseguia acreditar que ele, Machado de Assis, viveu a tanto tempo. Você pensaria que ele escreveu o livro ontem. É tão moderno e interessante. Me chamou a atenção da mesma forma que O Apanhador do Campo de Centeio, de J.D. Salinger."
O caráter atemporal da obra machadiana, e aqui não falo somente do livro citado, e que surpreendeu Allen, já que o livro foi escrito em 1881, deve ficar ainda mais acentuado em uma tradução para uma língua estrangeira. Isso porque, o texto original traz uma linguagem da época, dando a entender que foi escrito ainda no séc. XIX, apesar de estar à frente de seu tempo. Já uma tradução, creio eu, usa uma linguagem contemporânea, o que torna o texto ainda mais moderno e atual.
Resta saber quem foi esse brasiliro que com tanta perspicácia, concluiu que Memórias Póstumas de Brás Cubas tinta tanto a ver com Woody Allen, que ainda comentou: "Era um assunto que eu gostava, e era tratado de forma bem-humorada, cheio de originalidade e sem sentimentalismo."
Seria ótimo que esse encantamento sobre o livro de Machado, revelado por um formador de opinião como Woody Allen, desperte um interesse internacional para a obra de um dos maiores escritores de todos os tempos.
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