Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Revistas Legais - Os Anos 60


Já comentei aqui nesse espaço sobre uma antiga revista, especializada em cifras para violão, chamada Violão & Guitarra, que também lançava edições especiais, abordando determinado tema, mas sempre trazendo ao final, cifras correspondentes a músicas sobre o assunto retratado. O número especial que destaco agora é sobre os anos 60 na MPB, publicado em 1981. O texto de apresentação diz:
"A década de 60 é um divisor de águas na música popular brasileira. Até ela, a música que se fazia no Brasil sofria, à exceção do samba, de estrangeirite aguda (para aqueles que advogam que a música brasileira sofreu um processo de colonização a partir do rock, é bom lembrar que as composições feitas no Brasil até o final dos anos 50 eram basicamente assentadas nos boleros, guarânias, fox-trotes e demais gêneros que empolgaram a geração Hollywood). E só sabia cantar quem, tinha potência de voz e de pulmão.

A Bossa Nova foi o primeiro movimento a entrar em cena no final da década de 50 para mostrar que cantar podia ser exatamente o contrário. Paralelamente a essa transformação proposta pela Bossa Nova, a música brasileira começou a receber os ventos das revoluções externas aos pais, quando um novo comportamento, ditado pela juventude, passou a imperar. A partir daí, sexo e política misturam-se na quebra de antigos valores, O mundo passa por velozes e radicais mudanças. O Brasil entra num processo particular, ditado pelas influências externas e pelas próprias mudanças políticas e econômicas. Nada disso escapa à arte. A música popular é a que mais diretamente capta essas mudanças. E as reflete. Como resultado, um vigoroso processo de renovação musical instala-se no país, numa sucessão de significantes movimentos.
Esse processo, tão importante para a música e para a cultura brasileira é cronologicamente analisado nesta edição."

Como o texto acima deixa claro, a revista faz um balanço dos principais acontecimentos e movimentos que a década de 60 abrangeu, como por exemplo, a afirmação da Bossa Nova, como um movimento que ganhava o mundo e passava a se internacionalizar, os primeiros festivais, e os novos cantores e compositores que surgiam, a influência da tv na divulgação de uma nova música, não só através dos festivais, como também por programas como O Fino da Bossa, Jovem Guarda, etc.
Como diz a apresentação, o texto é escrito de forma cronológica, ano a ano, e não fala somente em música, mas também da situação política que o país atravessava, e a influência direta que o momento do país exercia sobre a música que era feita, inclusive o problema da censura.

Apesar de retratar aquela década, a maioria das fotos mostram os artistas na década de 70. As fotos que ilustram a capa, por exemplo, são todas dos anos 70. As fotos que aparecem nessa postagem, todas tiradas da revista, também mostram os artistas, à excessão de Roberto Carlos, em fotos da década seguinte.
O texto é bem escrito, e dá uma visão geral do que foi a dácada de 60 não só na música como nas artes em geral, o que torna a revista uma boa fonte de pesquisa para quem quiser ter uma visão panorâmica de nossa cultura naquela década tão rica, apesar de conturbada pela ditadura.

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