A partir do final dos anos 60, a Tv Tupi do Rio promovia o Festival Universitário de Música Brasileira. Como o nome indica, os participantes teriam que ser universitários. Na época, uma boa parte de nossos compositores que iriam se revelar nos anos 70 ainda se dividia entre a indecisão de uma carreira artística e uma profissão mais sólida. Assim uma boa parte deles fazia faculdade e compunha suas músicas, pensando na possibilidade de seguir na música. Dessa forma o sucesso do evento foi um fato inquestionável, bastando dizer que os festivais universitários revelaram nomes como Gonzaguinha, Ivan Lins, Aldir Blanc, Belchior, Ruy Maurity e outros.
Num livro que conta a história da Tv Tupi, o Festival Universitário da Música Brasileira é lembrado no seguinte trecho:
"Foi uma grande sacada levar o som universitário para o efervescente universo dos festivais. O poder jovem estava na ordem do dia em contestação e participação social no mundo inteiro. Havia um nó na garganta, que através da música se fez presente quando os universitários soltaram seu canto. A censura rebolou com esses caras.
Na Tv Tupi dessa época, ventos progressistas ventilavam pela Urca, sob o comando do Grupo de Criação, encabeçado por Vianinha e Paulo Pontes, dois brilhantes representantes da geração de 1968. Na direção estava José Arrabal, que pilotava a casa com pulso forte,em tempos de prestígio e audiência. Quando Arrabal foi procurado pelas meninas do Grupo Interuniversitário Musical, o Grim, encaminhou-as ao Adonis Karan, que tinha acabado de realizar com sucesso o Concurso de Carnaval.
- Elas faziam parte do Movimento Artístico Universitário (MAU), uma rapaziada da Tijuca formada por Gonzaguinha, Ivan Lins, Aldir Blanc, César Costa Filho e Paulinho Tapajós, todos ilustres desconhecidos até então. Fechamos com a ideia de realizar o Festival Universitário da Canção Popular. O Grim fazia a ponte com os universitários e a Tupi entrava com a realização geral. Eu, Vianinha, Paulo Pontes e Lúcio Alves montamos a estrutura geral e fomos à luta. Enquanto a Record e a Globo investiam nos compositores da moda, a gente vinha com uma rapaziada completamente desconhecida. E aconteceu que nosso festival fez muito sucesso, e acabou revelando uma geração de compositores que está aí até hoje.
Foram momentos inesquecíveis para quem viveu essa época. O primeiro Festival Universitário foi realizado no Teatro República, apresentado por Blota Júnior e Maria da Glória. A música vencedora foi Helena, Helena, Helena, de Alberto Land, interpretada com brilho por Taiguara. O segundo lugar ficou com Irinéia Ribeiro e Neville Jordan Larica, autores de Vida Breve, interpretada por uma Claudete Soares possessa. Ivan Lins ficou com o quarto lugar: Até o Amanhecer, parceria com Valdemar Correia, defendida por Ciro Monteiro.
No segundo ano, Gonzaguinha venceu com O Trem, canção emblemática para tempos de repressão. No terceiro foi a vez de Ruy Maurity em parceria com Jorge Miquiioty, arrebatar com Dia Cinco. E na quarta edição do festival, Belchior levou a melhor, junto com Jorginho Telles e Jorge Néri, com Na Hora do Almoço."
Dentre as músicas que concorreram a esses festivais, uma que se tornou um clássico, mesno não tendo sído vencedora foi Amigo É Pra Essa Coisas, de Silvio Silva Jr. e Aldir Blanc. Sobre essa música, o livro fala:
"O Amigo é Pra Essas Coisas eu tinha convidado o Ciro Monteiro e o Paulinho da Viola, mas por uma questão de agenda não pudemos juntar os dois. O Lúcio escalou então o MPB4, que arrebatou."
Apesar de ser criança na época, eu acompanhava com atenção aqueles festivais, e já torcia por minhas preferidas. Era uma época, em que apesar da situação política do país, da censura e a outras coisas negativas, havia uma inegável qualidade, que raramente se vê hoje. Basta vermos que o termo "universitário" que hoje é usado para qualificar um tipo de música de péssima qualidade, naqueles anos definia um público exigente e engajado, e músicos que traziam algo de novo, e que valia a pena ouvir atentamente.
Postar um comentário EU, JOSE WAAGNER PIOTTO, FILHO DE IMIGRANTES ITALIANOS, NASCI NO ANO DE 1955 E COM O GOLPE MILITAR, INSTITUINDO A TAO IGNOBIL DITADURA E EM 1964, FIQUEI PERPLEXO, POIS EU JA ESTAVA NO 4 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E ACOMPANHEI DESDE MUITO CEDO O QUADRO POLITICO NACIONAL E OS AXAQUES DA DITADURA E COM A CONIVENCIA DAS CLASSES MAIS ABASTADAS FINANCEIRAMENTE CONFESSO QUE ESTAVA DESILUDIDO COM O DNO PAIS, MAS QUANDO SURGIL O FESTIVAL DA MPB EU FIQUEI MAIS ANIMADO COM AS CANÇOES QUE DE CERTA FORMA ESTAVA PROTESTANDO SUTILMENTE. REALMENTE FOI UM MARCO IMPORTANTE E RELEVANTE. OS FESTIVAIS NOS DERAM ESPERANÇA DE UM PAIS MELHOR NO PORVIR. PARABENIZO TODOS OS NOVOS COMPOSITORES E SEUS PROGRAMADORES.MUITO AINDA TEM QUE SE DIZER AO NOSSO POVO QUE AINDA NAO ENTENDE O QUANTO A POLITICA E SE POLITIZAR E IMPORTANTE PARA SALVAGURDAR NOSSA DIGNIDADE COMO CIDADAO. AGRADEÇO HA TODOS QUE AINDA LUTA POR UMA NOVA ERA NA NOSSA NAÇAO QUE AINDA ESTA NAS MAOS DOS CORONEIS E SEUS ASSECLAS.
ResponderExcluirEU,JOSE WAGNER, VENHO NOVAMENTE POSTAR ESSE COMENTARIO APENAS PARA INFORMAR SOBRE ERROS COMETIDOS NA REDAÇAO POSTADA POR MIM E ESCLARECER QUE SE DEVE AO MEU LEPTOP,DIGO NETBOOK, QUE AINDA NAO CONSEGUI CONFIGURAR CORRETAMENTE E PORTANTO NAO CONSIGO ACENTUAR AS PALAVRAS, E UM ERRO GRAVE NA ORTOGRAFIA DA PALAVRA " ACHAQUES " A QUAL ESCREVI COM X,SENDO QUE O CORRETO E COM CH.
ResponderExcluir